Capítulo XLIII

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ALEXANDRE.

           Fui atrás de Sofia, pois mesmo que ela estivesse com aquela pose toda, eu conhecia todas as nuances do seu corpo e eu sabia que ela estava aterrorizada. Ela correu em direção à escada e antes dela, eu vi um homem todo de preto descendo a escada no sentido contrário. Quando eu a chamei, ela virou para me olhar, ele a agarrou. Numa fração de segundos ele a prendeu pelo pescoço com um braço enquanto que o outro segurava uma arma na cabeça dela. Ela ainda tentou se desvencilhar dele, mas não conseguiu e a arma dela caiu.

          - Solta ela

           - Largue a arma ou eu a mato.

           - Larga ela e eu não te mato!

           - Alexandre... a voz dela era baixa, mas para mim parecia um grito de socorro, porque era só o que eu podia ouvir naquele momento. Podia ver pelo peito dela descendo e subindo que ela estava relativamente calma. Ela me olhava e eu sabia o que ela diria. "me deixe aqui, cuide das crianças" Esse era o tipo de pessoa que ela era, que se sacrificaria pelos outros sem pensar duas vezes.

           Senti tanta raiva naquele momento, eu fiquei tão feliz quando a tinha nos meus braços, depois tão destruído quando ela me deixou, que agora que ela voltou, ninguém iria ficar no meu caminho.

         Senti que havia vários homens atrás de mim, deduzi que fossem meus. Ele não tinha para onde seguir.

           Quando ela se mexeu e abaixou a cabeça alguns centímetros, eu mirei, firmei minha mão que por milagre já não tremia mais, e atirei.

         Ela deu alguns passos nos degraus e caiu. Eu fui até ela enquanto um dos homens que estava atrás de mim foi até ele. Ele já estava morto.

        Sofia estava inconsciente. Eu a olhei por alguns segundos vendo se ela estava machucada, não havia sangue. Devia apenas ser nervoso. Peguei o corpo desfalecido dela em meus braços e sai dali.

        - Hospital está limpo senhor, eles recuaram.

          - Aonde está meu fratello?

         - Siga me – disse um dos meus soldados

          Subi o lance de escada e cheguei ao andar da pediatria, era todo colorido e cheio de crianças. Tentei ser discreto e não assustar ninguém. Encontrei meu irmão vindo ao meu encontro.

         - Alexandre? O que houve?

         - Ela estava vindo atrás de você, um dos homens de Rodrigo a emboscou e ia levá-la como refém, mas eu atirei.

          - Ela está machucada?

          - Não parece...

          - Ótimo!

         Uma enfermeira apareceu e a colocou numa maca. Mesmo assim eu fiquei segurando ela por alguns segundos, com medo de solta-la e ela desaparecer.

        - Deixe me ajudá-la senhor.

        Deixei que a enfermeira a levasse e me abaixei para sentar no chão, pois senti que minhas pernas falharam. Augusto sentou se ao meu lado.

       - Como você está?

        - Bem, eu acho... - sei lá o que foi aquilo, mas comecei a chorar copiosamente. Ele não disse nada, apenas me abraçou. Tentei me esconder no abraço dele porque não queria parecer fraco diante do exército de mafiosos que ainda devia estar no hospital.

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