CAPÍTULO XIX
RODRIGO
Sofia estava há muito tempo falando com Augusto, por fim, ele saiu, nós conversamos. Eu não queria falar com ele, eu queria vê-la. Manolo entrou no quarto para vê-la e eu sabia que teria que esperar mais um pouco.
-Rodrigo, preciso voltar para a Itália.
- Já vai tarde.
- Quero saber se vou precisar voltar escondido.
- Não, é só não voltar.
- Eu vou voltar, quero saber como ela está. mas não sei quando vou conseguir sair sem chamar a atenção.
- Vai contar a Alexandre?!
- Não...
- Pode vir. Enquanto ela quiser te ver.
- Justo.
- Vou te ligar para saber notícias.
- Não prometo que vá atender.
Ele se virou e saiu. Deus como eu odiava Alexandre! Mas Augusto parecia não ser como Alexandre, pelo menos, não parecia. E Sofia sempre falou dele com carinho, e ela merecia ter todo carinho e amor desse mundo.
Eu era apaixonado por ela. Tinha meus interesses? Sim! Era um santo? Nem pensar. Mas ainda a amava.
Desde o sequestro. Desde aquele dia em que a vi matar um homem. É engraçado me apaixonar por ela nesse momento, ver a fúria nos olhos dela e no segundo seguinte, ela me deixou cuidar dela. Eu me apaixonei pelos dois lados dela, o forte e o frágil. Ela era completa.
Naquele dia nós nos beijamos. e desde então eu estou sempre por perto esperando ela perceber o maldito cretino que é o marido dela.
Ex-marido. Graças a Deus!
Manolo entra no quarto dela, vazio, onde estávamos esperando. Ela ainda está na UTI. Finalmente vou poder vê-la. E vou fazer ela se apaixonar por mim.
Passo no banheiro do quarto, lavo o rosto e escovo os dentes. Eu também estou abatido. Sigo para o quarto dela, e convenço as enfermeiras a me deixar ir vê-la, mesmo já tendo passado do horário. Todos sabem que a ilha é minha.
Encontro com Débora saindo de lá. eEa está tirando a roupa esterilizada e eu a abraço e dou um beijo no rosto dela. Ela me dá um tapa fingido e sorri para mim. Ela está exausta e pálida.
- E então? Como ela está?
- Ela está bem... na medida do possível... Impertinente, quer ir ver os bebês...
- Daqui a pouco ela estará fazendo da nossa vida um inferno. Mas como ela realmente está?
Débora não respondeu. Apenas fez um sinal com os ombros.
- um dia de cada vez não é? - ela fez que sim e saiu, ela devia ir descansar.
O quadro de saúde de Sofia ainda era grave, mas por hora as coisas eram sob controle. Ela ainda precisaria fazer uma cirurgia de maior porte, tirar completamente os nódulos, talvez até ficasse com sequelas ou precisasse de um transplante, mas neste momento ela estava viva. E os bebês também.
Deus sabe o que aconteceria se as crianças não sobrevivessem. Respirei fundo, sorri e entrei.
- Olá meu amor. - ela olhou para mim e sorriu - Como você está?
- Estou ótima, essas drogas são bem legais, vou pedir algumas para levar para casa
- Pelo visto não está com dor.
- Não, eu e o dragão verde ali no canto estávamos conversando. - eu ri, algumas pessoas tem esse tipo de reação aos analgésicos.
Eu acariciei o rosto dela e ela se esfregou na minha mão, como uma gatinha manhosa. Eu não resisti e dei um beijo na testa dela.
- Quando vou poder sair daqui? Quero ver meus bebês? Você os viu?
- Eles são três ratinhos!
- Oh meu Deus! - os olhos dela lacrimejaram
- Mas são três ratinhos lindos. Não chore por favor, senão a enfermeira vai me expulsar daqui!
- Eu não pude vê-los! - malditos hormônios!!
- Eu te disse, não perde nada! - tentei brincar para descontrair, sem tirar a mão do rosto dela.
Eu tirei algumas fotos dos ratinhos, fiz até um vídeo. Também contratei um fotógrafo para registrar o parto, achei que ela iria gostar. Não disse nada, seria uma surpresa. Enquanto isso ela teria que se contentar com as fotos do meu celular contrabandeado para a sala de cirurgia.
- oh meu Deus! Meus ratinhos - nós rimos. O apelido pegou. - Ela se virou para mim, nossos rostos tão próximos. Eu dei um beijo de leve nos lábios dela. Eu sou um cretino por me aproveitar dela no momento em que ela está mais vulnerável, mas eu também sou um cretino apaixonado.
Ela me olha assustada. Como se tentasse entender o que acabou de acontecer. Eu a conheço, sei que ela está pensando milhões de coisas. Eu ia começar a me desculpar quando ela passa a mal pelo meu rosto, me acariciando. Melhor do que um tapa.
A enfermeira entra e me salva do sermão que imaginei que ela iria me passar. Logo ela vai poder ir para o quarto.
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Eu te faço livre
RomanceContinuação do livro "Me faça sua, me faça livre!". Aqui continuamos a história improvável de Alexandre e Sofia. Nesse momento Sofia sabe o preço que pagou para ter seus filhos e o quanto custou viver um amor de sonhos. Agora ela precisa lutar para...