SOFIA
Eu me esforço ao máximo. Faço tudo o que os médicos mandam, que a enfermeira manda, faço qualquer coisa para ficar bem e ir ver meus filhos. Eu só consegui ir até a maternidade e vê-los através da incubadora, nem ao menos pude carregá-los.
Também não pude amamentá-los, por causa dos remédios que eu estou tomando. Outro sonho desfeito. Eu teria chorado muito por isso, mas como sempre, Rodrigo está lá. Ele está o tempo todo ao meu lado. Segurando a minha mão, beijando o meu rosto e me fazendo rir. Mesmo que ele saiba que dói quando eu rio.
Rodrigo chegava e me beijava nos lábios. Eu queria dizer que ainda era uma mulher casada e que aquilo era errado, que eu não queria. Mas não conseguia. Eu não podia dizer que ainda era casada com Alexandre, meu coração não podia mais ser dele, ele me magoou demais e simplesmente isso não era o melhor para os meus filhos. Isso por si só já era motivo o bastante para tirá-lo da minha vida e do meu coração. Não importando como eu me sentia.
Já Rodrigo era simples, sempre rindo, sempre feliz e sempre agindo como se eu não fosse fodida, mas a luz da vida dele. Eu estava sozinha, carente e vulnerável, e o calor do corpo dele era muito bom. ele era o que era melhor para mim e quem eu queria querer.
Naquele dia, quando acordei, Rodrigo não estava lá. Nem ele nem Manolo. Estranhei. Não havia um segurança na porta entreaberta e admito que senti um pouco de medo. Medo de Alexandre aparecer ali, me levar a força, ou pior, levar meus filhos. Eu já estava no quarto e Débora me prometeu que eu poderia ir até a UTI ver meus bebês.
A enfermeira trouxe o café da manhã para mim, e eu prometi a mim mesma que faria tudo o que elas dissessem, mas não consegui comer. Estava ansiosa. Demorou um pouco para entender o que era aquele aperto no peito.
Suzi, a enfermeira riu, e disse
- Está com saudade do seu marido não é? Não se preocupe, ele ficou a noite toda aqui com você, daqui a pouco ele já volta.
Marido? Acho que todos achavam que Rodrigo e eu éramos casado. Fazia sentido. Ele agia como se fosse, ainda mais agora depois do nosso recente hábito de nos beijarmos.
Era com isso que eu estava apreensiva. Cadê ele? E se tivesse acontecido alguma coisa? E se tivesse acontecido algo com os bebês? Meus filhinhos nem tinham nome ainda! Meus Deus! O meu peito começou a apertar e eu comecei a sentir um pouco de falta de ar. Tentei me controlar para que os monitores não começassem a apitar, porque senão o quarto iria encher de médicos e enfermeiras e eu não poderia ver meus filhos.
Quanto mais eu tentava me acalmar, mais meus olhos se enchiam de lágrimas. Merda! O monitor da pressão sanguínea foi o primeiro a apitar. Suzi voltou correndo.
- O que foi filha? Está com dor? - eu balancei a cabeça que não, fiquei com medo de abrir a boca e começar a chorar. - está tudo bem, os bebês estão bem viu? Hoje mesmo eu fui lá vê-los! Eles estão umas gracinhas!
Rodrigo entrou e eu já estava chorando. Ele tinha um arranjo de orquídeas azuis. Ele deixou em cima de uma bancada e veio direto para mim, me abraçou e eu o abracei de volta. Não consegui segurar o choro. A enfermeira sorriu e nos deu espaço, saindo do quarto.
- oh meu amor! O que foi querida? - Ele começou a limpar as minhas lágrimas e depositar diversos beijos no meu rosto. Eu o puxei para mim e beijei seus lábios. Ele correspondeu, e assim nos beijamos, um beijo lento, sem pressa, cheio de carinho. Nossas línguas pareciam se conhecer de outras vidas pois elas estavam em perfeita sincronia.
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Eu te faço livre
RomanceContinuação do livro "Me faça sua, me faça livre!". Aqui continuamos a história improvável de Alexandre e Sofia. Nesse momento Sofia sabe o preço que pagou para ter seus filhos e o quanto custou viver um amor de sonhos. Agora ela precisa lutar para...