Capítulo XII

67 6 0
                                    


          Como se fosse um aviso, assim que Rodrigo me colocou no carro comecei a sentir umas dores muito fortes nas minhas costas e na minha barriga, como se fosse uma cólica muito forte. Eu nunca tinha sentido uma dor tão forte assim na minha vida. Sentia ânsias de vômito e falta de ar. Achei que minha hora tinha chegado.

       Eu chorava pelos meus filhos, os quais eu nunca conheceria. Chorava pelo pai que antes eu imaginava que Alexandre seria e que os filhos nunca conheceriam. Chorava pelo homem que Alexandre tinha se tornado. Chorava pelos avós que meus filhos nunca conheceriam. Eu não estava mais sozinha no mundo porque eu os tinha, mas se eu partisse eles iriam ficar completamente sozinhos no mundo.

       Assim que o carro parou na frente do hospital uma mulher negra, com jaleco branco veio de encontrar comigo. Ela tentou me acalmar. Tarefa impossível, mas ela não desistiu.

      - Moça! Moça! Olhe para mim - ela segurou a minha mão - você consegue apertar a minha mão? Isso! Mais forte! - eu me concentrei em apertar a mão dela. - ótimo. - Aquilo me fez parar de chorar por alguns segundos. Ela nos indicou o caminho para um consultório e Rodrigo me colocou na mesa de exames e disse a ela.

       - Não entendo direito, mas parece que ela tem medo de médicos, ou hospitais, estou certa? e ela está certíssima! Eles me dão arrepios!! Odeio médicos também - e ela lançou um olhar tão feio para Rodrigo que eu e Manolo rimos. E ela tirou o jaleco. Ela vestia um vestido tubinho preto, ajustado ao corpo e meia calça preta com um scarpin. - Sabe o que mais eu odeio? Sapatos de salto!! - ela tirou os sapatos de salto e pegou embaixo da mesa do médico um par de crocs brancos. - Muito ridículo

         - Continua linda! - disse Rodrigo e ela e lhe rendeu um tapa no ombro. Em nenhum segundo ele soltou a minha mão.

        - Meu nome é Débora!

       - Oi Débora, sou Sofia! - um contração forte veio e eu gemi, tentando não gritar e apertei a mão de Rodrigo. Débora esperou passar.

       - Muito bem Sofia! Estou aqui para te ajudar. Quer que eu peça para esses cavalheiros saírem?

       - Está tudo bem.

        - Tem certeza? - balancei a cabeça que sim. - Ok, então me deem espaço e me deixem trabalhar. Ela empurrou Manolo e Rodrigo para o canto da sala. - O que está acontecendo?

        - Eu estou com dores no baixo ventre, mas eu mal completei seis meses.

         - vamos ver como está.

        Ela era tão gentil, tão atenciosa! Parecia uma velha amiga. Primeiro ela me deu um lenço de papel e eu enxuguei as lágrimas. Depois ela tirou o cabelo grudado no meu rosto pelo suor e o prendeu. Ela fez um ultrassom e pode ver os três bebês. Eram mesmo três. Ela comemorou e vibrou como se fossem o maior milagre da terra. E eram. meus milagres.

       Eram dois meninos e uma menina.

      Eu me emocionei tanto com aquilo! Que nem percebi mas estava chorando, então Débora veio e me abraçou. Chamou Rodrigo e Manolo e todos nos abraçamos, comemorando o milagre da vida.

      Fomos interrompidos por outra contração.

       - hum... vamos cuidar disso. Ainda não é hora para eles nascerem. Vou chamar uma enfermeira para nos ajudar, tudo bem Sofia? Ela vai nos ajudar a fazer a dor passar.

        Eu não queria outra pessoa ali, logo agora que eu estava me acostumando com ela!

       - Eu não vou sair do seu lado, está bem? Eu vou ficar aqui o tempo todo! - disse Débora, então eu concordei.

Eu te faço livreOnde histórias criam vida. Descubra agora