Capítulo XXVIII

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       - Manolo, preciso de ajuda!

       - O que foi?

       - O Rodrigo tá bêbado e nós brigamos e ele está começando a ficar agressivo.

       - Já estou indo.

      Nem precisei explicar o que estava acontecendo. O que me faz pensar que Manolo sabia do que eu estava falando. Eu nunca tinha visto Rodrigo bêbado. Ele raramente bebia mais do que uma ou duas cervejas. Ele nunca perdia o controle. Nesse ponto ele não era tão diferente de Alexandre.

      Eu já nem sabia direito mais quem era quem. Rodrigo sempre foi tão bom para mim, mas parece que ele guardava muito rancor de mim, pelas coisas que ele me disse.

      Ele também era maníaco por controle, mas ele disfarçava melhor. Era mais sorridente, fazia mais piadas e escondia esse seu lado. Nós já tivemos algumas discussões mais acaloradas por causa do ciumes dele e da possessão dele em relação a nós, mas nada tão pesado quanto hoje.

     Estava cega, querendo acreditar que ele não era como Alexandre, mas a verdade é que os dois eram exatamente iguais.

      Eu só queria sumir e fugir dali para sempre. Meu Deus, quando eu estaria num lugar seguro com meus filhos!

      Infelizmente esse momento ainda não chegou e era hora de enfrentar isso.

      Deixei Rodrigo lá no quarto das crianças e esperava que ele viesse atrás de mim. Eu podia simplesmente pegar a minha arma e atirar nele. Ele estava bêbado então eu tinha alguma chance. Eu não sabia se iria usar esse último recurso ou não. O pai de Rodrigo era sim o dono da ilha e ele não iria achar engraçado se eu desse um tiro nele. Ou melhor, se eu o matasse, porque se eu só atirasse nele, e ele ainda se levantasse, ele provavelmente me mataria ou mataria meus filhos.

      Aproveitei enquanto ele estava lento e fiz uma segunda chamada. Mas ninguém atendeu. Não sei porque fiz isso, talvez fosse toda a dor do momento que me remetia a ele.

    Tentei mais uma vez. Nada. Hora do plano B, eu não podia ficar esperando para sempre.

      Liguei um outro número.

     - Ciao

      - Augusto, help.

      - o que houve?

       - preciso sair daqui com as crianças.

      Não tive tempo de ouvir Augusto responder quando Rodrigo começou a esmurrar a porta. 

      - Bella, você está aí?

       - Eu não posso matá-lo Augusto, mas eu vou ter que matá-lo.

       - Bella! bella! fala comigo! O que está acontecendo? Cadê as crianças? - isso me traz um pouco de volta quando eu quase me perco no meu desespero.

       - Estão no quarto. Elas devem ter acordado

     - Aonde você está?

      - Banheiro

     - Quem está tentando entrar?

       - Rodrigo.

       - Certo, vou ver o que consigo fazer.

        - Cadê Alexandre?

      - A última vez que soube estava na Tailândia.

      - Droga!

Eu te faço livreOnde histórias criam vida. Descubra agora