Capítulo XXIX

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         Tomei meu banho, achei meu celular. A bateria estava descarregada. Coloquei para recarregar, mas não me preocupei em ligar. Não tinha ninguém para falar. Assim eu pensava.

       Sai do banho e me deitei na minha cama, levando os bebês para deitar comigo. Comecei a cochilar quando Manolo me acordando.

       Levantei num salto e saquei a arma embaixo do travesseiro.

       - Desculpe te assustar, tem alguém desesperado para falar com você.

       - Não quero falar com Rodrigo.

       - Não é ele

      Peguei o celular

      - Sofia! Pelo amore de Dio! Não faça isso comigo!

      - Augusto!

       -Você me liga daquele jeito, eu fico ouvindo aquelas merdas, a ligação cai e não consigo mais falar com você!

       -Puxa, tinha até me esquecido!

       -Que merda! Você está bem?

       -Estou!

       -Ele te machucou?

      -Tá tudo bem..

      -Sofia! Pare com essa porra! Me fale agora o que está acontecendo! – Ele estava furioso

     -Ele me pediu em casamento, eu disse que aceitava, mas não queria mais estar envolvida nos negócios do pai, disse que deveríamos seguir a nossa vida em paz. Aí nós começamos a brigar. Ele bebeu muito e ficou agressivo, começou a jogar as coisas na minha cara e, bem...

      -Tentou te pegar a força. Eu ouvi essa parte!

       Eu fiquei em silêncio, meu primeiro impulso foi me desculpar, mas reprimi.

      -Eu chego aí em algumas horas. Manolo vai te levar para o avião.

       -Augusto...

      -Não precisa ficar com Alexandre se não quiser, mas não quero que fique aí, você não está segura.

      -Está certo.

        Saber que Manolo e Augusto estavam aqui para me ajudar, me deu um novo fôlego.

      Tentei dormir por algumas horas, mas só consegui cochilar. Acordei com Augusto batendo na porta. Acho que Manolo deve ter avisado que eu dormi com a arma embaixo do travesseiro, então ele não quis me assustar.

       Quando ele se aproximou, eu corri em direção a ele e o abracei apertado.

      - Oh meu anjo! Que saudade! – disse para ele

       - Nem me fale! O que nós vamos fazer?

       Eu não percebi que estava chorando até quando Augusto fez um carinho no meu rosto. Só de pensar o quanto minha vida tinha virado de ponta cabeça... Era muito angustiante. Eu tinha vontade de gritar e de me esmurrar por ter feito essa bagunça com a vida tão arrumadinha que eu tinha.

        Tomei outro banho, me arrumei e disfarcei o melhor que pude a exaustão no meu rosto. Imediatamente me lembrei da primeira noite que acordei na casa de Alexandre.

       - Acho que vou falar com Carlos. Vou convencê-lo de que não precisa das crianças para chantagear Alexandre, eu mesmo posso falar com ele.

       - Alexandre? - Augusto perguntou curioso

       - Sim, está na hora de parar de correr.

Eu te faço livreOnde histórias criam vida. Descubra agora