Capítulo XXXV

62 5 0
                                    


        Me sentei no meu colchão no chão, queria pensar em tudo e repassar meu plano. Eu estava com tanta saudade, que meu coração doía. Às vezes me passava o pensamento em largar tudo e sumir de novo. Viver a minha vida em paz.

        Olhei para Alexandre dormindo, com a boca aberta ele roncava baixinho. Era um barulhinho tão gostoso! Eu não poderia simplesmente sumir. Eu precisava fazer a coisa certa. Eu começava a aceitar a ideia de que talvez ele não tivesse nada a ver com a falsa gravidez e os hormônios para engravidar... mas para colocá-lo na vida dos meus filhos eu precisava ter certeza.

       Lavei o rosto, tomei um banho rápido e sai enrolada num toalha. Afinal, Alexandre estava dormindo e ninguém iria entrar ali.

       Me enxuguei e comecei a vestir minha última regata limpa. Era uma regata branca, vesti novamente a calça jeans imunda que eu estava usando. Soltei os cabelos molhados e os deixei secar ao natural. Eu odiava aquele lugar, me sentia sempre suja ali. Mas era um mal necessário.

         - Você continua linda

         - Achei que estivesse dormindo.

         - Seu corpo mudou.

          - Está me chamando de gorda?

         - Nem em mil anos. - sorri, ele sempre um galanteador.

         - Parece melhor.

          - Eu acho que sei porque você me trouxe aqui.

         - Ah é? E por que seria?

          - Para me deixar limpo.

         - E está funcionando?

           - Me diga você.

          - você está se saindo muito bem, eu estou muito orgulhosa com você.

           - O suficiente para me soltar?

        - Espertinho. Não quero ter surpresas.

         - E até quando você vai me manter aqui? Sabe que a qualquer momento Augusto vai vir atrás de mim.

          - Estou preparada para isso.

          - Não só ele, mas meus homens não vão encarar com bons olhos.

          - Você não é mais o Don, Alexandre. Você não "tem" mais homens - ele pareceu realmente surpreso.

          - Quem te disse isso?

          - Alexandre, como você está se sentindo?

         - Horrível, mas bem melhor. Me fala logo por que você está aqui. Que espécie de jogo doentio é esse? Foi Rodrigo quem mandou você aqui? Para acabar de me destruir! É isso que você se tornou? Uma arma contra mim?

         Respirei fundo. Outra alteração de humor.

         Nós já estávamos há quase seis dias trancados nesse galpão. Ele já estava melhor fisicamente, Daqui para frente era com ele.

        Fui até a bolsa preta de zíper que Manolo me deu. Ali tinha algum dinheiro vivo, não sei exatamente quanto, mas um pacote grande de euros e quatro passaportes. Ali junto, havia três ampolas e uma seringa. Escopolamina e triopental sódico. Soro da verdade.

        Manolo riu quando eu pedi isso a ele. Claro que ele já tinha ouvido falar. Até confessou já ter usado algumas vezes, mas ele achava muito mais divertido a tortura. Eu não. Principalmente porque havia uma grande chance de que ele fosse realmente sincero.

Eu te faço livreOnde histórias criam vida. Descubra agora