AUGUSTO
Respiro pesadamente. Jamais imaginei me nessa situação. Eu traí a minha mulher. Eu amava Nina, mas ela não me satisfazia mais. Eu ainda a amava?
Deixei-a em casa e sai a noite. Eu precisava relaxar. As coisas estavam sendo pesadas demais para mim.
Desde que Sofia sumiu, uma parte de Alexandre foi embora com ela. Ele não era nem a sombra do irmão que eu aprendi a amar e respeitar. Ele não estava se aguentando mais. Ele não aguentava de saudades dela, de medo de algo ter acontecido com ela e por fim, mas não menos importante, seu ego ferido.
Ele queria ele mesmo correr o mundo atrás dela, mas o convenci a ficar aqui e contratar alguém para fazer isso. Eu montei uma equipe de seis homens, os melhores que o dinheiro podia comprar. Eles seriam capazes de encontrá-la. Mas até agora não conseguiram. Nem mesmo um corpo. O que me fazia crer que ela estivesse viva. Só não quisesse ser encontrada. Era um consolo, se ele estivesse morta, nós já teríamos encontrado. Provavelmente.
Eu ainda não consigo entender o que aconteceu. Eles estavam bem, ela estava feliz e depois, simplesmente foge.
Eu também sinto saudades dela, também me preocupo com ela, mas uma relação que começou com um sequestro não poderia acabar bem. Meu irmão não era do tipo que se casava, que se contentava com uma mulher só. Que se contentava em conversar e fazer as coisas por baixo dos panos. Ele era violento e fazia questão de pegar a força o que queria. Era o que eu achava que tinha acontecido. Ele deve ter surtado e ela fugiu.
Eu me pergunto como ela teve recursos para se esconder tão bem! Dinheiro, ela tinha. Alexandre abriu contas com milhões de euros, não que ela fosse ficar pelo dinheiro. Eu sentia que isso a distraia, mas nunca a comprava. Sem um telefone celular, sem ter contato com um conhecido, sem ninguém...
Sai de casa e fui para a boate. Naquele dia, o movimento era grande. Subi para a ala VIP e lá vi Alexandre. Ele estava lá há alguns dias. Não saia mais de lá. Ele estava tão drogado, que seus olhos vidrados não me reconheceram. Meu coração doeu por ele.
O que mais doía eram as minhas bolas. Eu precisava gozar, precisava de uma foda bem dada. E Nina era uma dama, não dava pra fazer esse tipo de coisa com ela. Mas ao chegar lá e ver a situação em que Alexandre estava, não consegui. Ele fedia! Ele estava recebendo um boquete em publico, completamente bêbado, drogada e vi que ele não estava apenas cheirando cocaína, ele estava injetando. Provavelmente heroína.
Chamei os seguranças e tentei arrastar ele de lá. Ele protestou um pouco, mas o homem forte que eu conheci era incapaz de oferecer resistência naquele momento. Assim como dessa vez fui eu a encontrá-lo vulnerável,, na próxima vez, poderia ser um dos nossos inimigos.
Os chefes de duas famílias já tinham tentando inverter a ordem para assumir a chefia da nossa família e nossos negócios. Sem Alexandre, outros capos podiam achar que a posição estava vaga, e pra falar a verdade, estava.
Mendonza me sugeriu que eu brigasse e assumisse o lugar de Alexandre. Eu não poderia fazer aquilo, ele sempre quis ser o capo de tutti famiglia. Eu não, eu só estava lá pelo meu irmão. Por fim, me convenci dizendo que uma hora ele iria voltar e reassumiria seu posto, então eu cederia a ele, e seria melhor do que se um estranho sentasse em seu trono.
Deixei Alexandre em casa e dei um banho nele. Notei que ele andou brigando, porque estava cheio de hematomas. Há alguns dias atrás seria inadmissível que alguém encostasse a mão nele. Ninguém sequer ousaria. Agora, ele não era mais temido ou respeitado. Eu já tinha conversado com ele, até mesmo dado a minha palavra que nós encontraríamos a Sofia, mas a ansiedade o corroía de tal forma que se ela demorasse mais para aparecer, não sobraria nada.
Sendo o novo capo, eu não podia mais acompanhar a equipe de buscas, mas estava em contato direto com eles. Fui para o escritório de Alexandre. Já que não deu para dar uma boa foda, o jeito era trabalhar. Pensei em ligar para alguém ir até a mansão me ajudar a relaxar... Deus sabe o quanto eu estava precisando. Quando peguei o meu telefone para ligar, vi uma chamada. Era da equipe de busca.
- ciao
- Senhor, temos algumas informações.
- diga.
- Nós estamos refazendo os passos dela desde que ela chegou ao Brasil com Alexandre.
- Don Alexandre - eu o corrigi. Força do hábito.
- Sim, Don Augusto.
- Prossiga.
- Ela estava no hospital onde os pais dela foram socorridos, e achei alguns exames feitos por um médico, mas não pertencem a nenhuma paciente.
- Exames?
- Sim, um médico pediu, mas não colocou o nome do paciente, mas o seu próprio.
- E como você sabe que não são dele?
- Por que o médico era homem e o exame diz que a paciente estava grávida.
- E o que mais? Tem certeza que é ela?
- Sim, nós conversamos com o médico. Ele disse que atendeu uma moça, que ela achava que estava sendo drogada e pediu para fazer os exames. Ele achou a história estranha e achou que ela fosse desequilibrada, mas fez. Chegou a fazer um ultrassom. Então o marido dessa moça apareceu e ela sumiu. Ele reconheceu a foto.
-Você vai receber a recompensa imediatamente, mas não conte nada disso a ninguém.
- Obrigado Don!
- Ciao.
Meu Deus! Drogada? Grávida? Isso não fazia o menor sentido!
Subi até o quarto de Alexandre, esperava que ele estivesse sóbrio logo, pois ele iria me explicar isso! Mas quando cheguei ao quarto dele, ele tinha sumido.
Os guarda costas disseram que ele se levantou e pediu para ir até a pista de pouso, de onde pegaria o avião.
- Como vocês deixaram ele sair?
- Ele nos apontou uma arma, nós não podíamos impedi-lo!
Os seguranças estavam certos. Eles não tinham ordem para atirar de volta, além do que, os homens mais próximos que trabalhavam conosco, sabiam de tudo e eu podia ver a pena nos olhos dele.
Fiz algumas ligações e descobri que ele tinha ido para Tailândia. Sexo selvagem. Pelo menos ele conseguia relaxar, pensei.
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Eu te faço livre
RomanceContinuação do livro "Me faça sua, me faça livre!". Aqui continuamos a história improvável de Alexandre e Sofia. Nesse momento Sofia sabe o preço que pagou para ter seus filhos e o quanto custou viver um amor de sonhos. Agora ela precisa lutar para...