Capítulo IX

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       Nós voltamos para a casa na ilha deserta. Ainda não sabia direito onde estávamos mas parecia que havia várias ilhas desertas e nós estávamos em uma delas.

       Assim que desci do carro vi Rodrigo sentado na soleira da porta com uma cerveja na mão. Ele parecia um cachorrinho que caiu da mudança.

       Quando me aproximei dele, ele me olhava zangado. Me pegou pelo braço e me afastou da casa

        - O que foi isso Rodrigo?

        - Precisamos conversar.

        -Diga!

         Ele não respondeu e continuou me puxando

         - Devagar! não consigo te acompanhar

        Ele se virou para mim e me carregou no colo. Andou comigo por alguns metros e paramos distante da casa, debaixo da árvore, onde havia um tronco cortado que servia de banco. Ao lado havia uma rede.

       Aquilo começou a me irritar.

        - por que você está tão bravo

         - Vocês saíram, eu fiquei preocupado. devia ter me avisado.

        - Desde quando te devo satisfações?

        - Desde que você tá na porra da minha ilha.

        -Não seja por isso. - eu ia me virar para sair dali, mas resolvi não ser tão impulsiva. - Você tem um segundo para me dizer qual o problema ou eu vou embora. - Ele respirou fundo e voltou a si.

       - Me desculpe. Eu me assustei quando não te vi em casa. Achei que tivesse passado mal. Me desculpe ser um idiota, eu ando muito preocupado com você

Me sentei ao lado dele no tronco e peguei a mão dele e pousei na minha barriga.

      - Nós estamos bem.

      Ele suspirou, como se estivesse aliviado.

      - Está sentindo mexer. - ele me olhou sorrindo.

        - Não. - eu sorri de volta.

      Ele me envolveu no abraço dele e eu deixei.

      - Me diga o que está angustiando seu coração.

       - Se eu disser, vai estragar o momento.

        - Se for verdadeiro, não.

      Ele me soltou e virou de frente para mim.

     - Como você está? De verdade?

      - Eu estou bem, quer dizer, bem melhor. Ainda não sei bem o que fazer. Mas acho que posso começar a pensar nisso.

       - Fico feliz em saber. Eu quero ajudar.

       - Ajudar? - olhei desconfiada.

       - Sim, ajudar. Você vai precisar de ajuda. - continuei a olhar sem entender. - Quero que você saiba que pode contar comigo.

      - O problema é que se eu aceitar a sua ajuda você vai começar a se sentir meu dono. E eu não vou conseguir lidar com isso. Não mais.

       - Não.. Não... eu não quero ser seu dono. QUero ser seu parceiro! Só me deixe estar ao seu lado! - ele parecia suplicar.

       - Por que? O que você quer? O que você realmente quer de mim?

        Eu estava tão quebrada que a única coisa que eu via era o desejo nos olhos dele. Talvez ele tivesse algum sentimento por mim, mas a única coisa que eu via era o desejo dele, de ser meu dono. Eu só via outra pessoa querendo me dominar. Querendo tomar a minha vida de mim.

Eu te faço livreOnde histórias criam vida. Descubra agora