Capítulo VI

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        - Porra Augusto! - Eu esmurrava as paredes, quebrei tudo o que pude no quarto aonde estávamos. Quando os pais de Sofia faleceram, Augusto estava a caminho para vir ao velório prestar suas homenagens, mas por causa de alguns contratempos ele se atrasou. QUando ele chegou, ela já tinha desaparecido.

        

        -  Calma irmão, nós vamos encontrá-la!

        - Você não viu como ela estava! totalmente abalada, fora de si!

         - Não é para menos!

       - Eu sei! eu deveria tê-la protegido! eu falhei de novo - jogo mais alguns copos no chão, acho que era o último. Pego a garrafa de uísque e bebo direto da garrafa.

       Augusto e eu já tínhamos falado com os seguranças, andando por quase toda a cidade, ligado para todos os hospitais, o único lugar que não fomos foi até a polícia, afinal, nunca falamos com eles, mas não havia sinal dela. Tudo o que encontramos foi uma imagem ruim de uma câmera de segurança de uma casa próximo ao cemitério mostrando ela próximo a um carro prata. Não dá para ver quem é o motorista. A partir daí a imagem falha e eu não sei o que aconteceu.

         Eu estou a beira de enlouquecer. Não aguento mais não saber nada dela, imaginar ela perdida e sozinha está me matando. Ela está sem documentos, sem carteira e sem celular! Ela não pode ter ido longe! Mas mesmo assim não a encontro.

         Meu irmão está aqui tentando me acalmar, mas nada funciona. Quando a garrafa de uísque está quase no final, sinto o torpor da bebedeira me invadir e adormeço.

DUAS SEMANAS DEPOIS.

         Quinze dias e até agora mais nenhuma notícia de Sofia. Já não sei mais aonde procurar. Começo a esperar por um pedido de resgate. Ainda sem sinal dela em nenhum hospital ou clínica, pública ou particular dessa maldita cidade. Não há mais o que fazer aqui e meu irmão quer que eu volte para a Itália. Mas como? como posso deixa-la aqui? Como posso abandoná-la?

        Minha ausência para procurar por minha esposa começa a ser sentida pelo conselho das outras famílias e sei que algum ataque deve acontecer nos próximos dias. Eu estou fraco.

       Augusto me traz algum senso de propósito ao me dizer que ela vai aparecer e que ela deve me encontrar forte e centrado. Sei que não consigo isso sem ela, mas posso ao menos fingir.

      A notícia do desaparecimento dele se espalhou ao mundo todo, pedi ajuda a todo associado, conhecido ou parceiro de negócios. Ofereci recompensas por qualquer notícia dela. Também contratei uma equipe de investigadores de elite para localizá-la.

      Sei que já a encontrei uma vez e sei que posso encontrá-la de novo.

       Já há rumores de que ela tenha simplesmente fugido de mim, por não me querer mais ao lado dela. Isso me dói muito, pois sei que pode ser verdade. Mas não me importo, eu sei que ela estava confusa e passando por um momento difícil. Eu a perdoaria mil vezes. 

SOFIA

         Parece que a sopa estranha de Manolo começa a operar milagres. Começo a me sentir mais forte. Ainda tenho muitos enjoos, mas já não me deixam tão fraca quanto antes. Também aprendi a administrar um pouco melhor, como evitar certos cheiros. Na verdade, qualquer cheiro de perfume ou comida pela manhã. Vou adaptando as refeições.

        A minha barriga parece crescer mais rápido do que os dias se passam. Em uma semana que estou aqui na casa de Manolo já percebo uma diferença nela, e em mim também.

Eu te faço livreOnde histórias criam vida. Descubra agora