Alexandre estava deitado na cama e amarrado. Mesmo debilitado ele ainda era mais forte do que eu. Coloquei um acesso intravenoso nele. Foi difícil achar uma veia boa já que ele estava fudendo com as dele. Coloquei soro e algumas vitaminas, eu estava bem preparada, tanto para uma overdose quanto para que ele tivesse crises de abstinência.
Quando eu expliquei para Augusto qual era o meu plano, ele entendeu e providenciou todos os remédios que eu poderia precisar, alguns até além do que eu pedi, além de equipamento médico. Eu tinha até um desfibrilador. Nós concordamos que mandá-lo para um hospital poderia não ser muito efetivo além de ser perigoso, eu tinha uma ambulância e um médico a minha disposição.
Alexandre respirava relativamente bem. Naquele momento ele dormia. Me permiti olhá-lo com calma. Eu senti tanta pena dele. Eu ainda achava que ele era responsável por foder a minha vida, mas não pude deixar de sentir pena dele, principalmente porque eu já o tinha perdoado.
Sobreviver ao relacionamento abusivo, aos problemas de saúde e a todas as dificuldades que enfrentei com meus filhos só foi possível com muito perdão e amor.
Ele ainda estava nu, peguei uma pequena bacia, enchi com água e sabão, uma esponja e comecei a dar um banho nele, da melhor forma que pude. O imponente e todo poderoso Alexandre não existia naquele momento.
- Oi Alexandre... tudo bem? Pelo visto não muito não é? Você tem aprontado bastante! Tem deixado algumas pessoas bem preocupadas...- eu comecei a conversar com ele, como fazia quando dava banho nos bebês. Eu não percebi que fazia, era automático - Não comente com ninguém que eu disse isso, mas acho que Augusto envelheceu alguns anos por sua causa. Ele está com cabelos brancos. Se bem que você também. Não se ofenda, mas você está acabado. Tudo bem, eu sei que também estou mais velha. Foram longos dois anos.
Me assustei quando senti uma mão me tocar. Embora Alexandre estivesse preso, ele tinha uma certa mobilidade nas amarras de couro estofadas para não machucá-lo.
- Me solte agora ou vai se arrepender. - ele disse e eu ri
- olá grandão! Parece que você não está em condições de fazer muitas ameaças, não acha?
- Você não sabe com quem está falando!
- E pelo visto nem você! Você sabe quem eu sou?
- Claro que sei - meu coração disparou. Não era possível que ele não estivesse me reconhecendo! - Você é só mais uma puta querendo ganhar um dinheiro fácil! Mas isso não vai acontecer. - Eu ri, ele não me reconheceu. Atribui isso ao efeito das drogas.
Eu só o ignorei e continuei a dar banho nele enquanto ele xingava palavrões em vários idiomas.
- Que boca suja grandão!
Depois de um tempo xingando ele se cansou. Tentei dar água para ele, mas ele não aceitou.
Eu terminei o banho, tomei bastante água e fiz uma refeição leve. Sentei num acolchoado no chão e procurei descansar um pouco. A crise de abstinência não demoraria a vir.
Cerca de três horas depois, não percebi, mas devo ter cochilado. Acordei com Alexandre vomitando. Ou tentando vomitar já que ele não devia ter se alimentado a bastante tempo. Ajudei-o a se erguer um pouco, para que ele não engasgasse com o vômito. As crises de vômito duraram praticamente a noite toda e diminuíram, restando apenas os espasmos e a febre.
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Eu te faço livre
RomanceContinuação do livro "Me faça sua, me faça livre!". Aqui continuamos a história improvável de Alexandre e Sofia. Nesse momento Sofia sabe o preço que pagou para ter seus filhos e o quanto custou viver um amor de sonhos. Agora ela precisa lutar para...