Capítulo XXIII

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       Alexandre

       Abri os olhos e sentia meu corpo leve. Era a primeira vez em muitos dias em que eu não sentia aquela maldita dor no peito desde que Sofia foi embora.

       Eu estava frustrado porque todo meu dinheiro foi incapaz de trazê-la de volta. Ninguém conseguia achar nenhum rastro dela, eu não era burro, alguém poderoso a estava ajudando. Só podia ser Rodrigo.

      Eu tinha ido a Tailândia na esperança de chegar mais perto de Rodrigo e da maldita ilha dele. Tentei retomar meus contatos, tentar descobrir algo eu mesmo e quem sabe, chegar na ilha. Eu imaginava que ele estivesse com ela. Talvez ela estivesse apaixonada por ele, talvez eles estivessem juntos agora. Afinal, desde o sequestro dela as coisas ficaram estranhas. Nosso sexo já não era mais intenso como antes, ela já não me olhava da mesma forma. O corpo dela não reagia da mesma forma a mim.

      Eu fiz o que eu pude para resgatá-la o quanto antes. Teria dado todo o meu dinheiro por ela, mas o capo de tutti não me permitiu. Ele era meu sócio na maioria dos negócios e não me permitiu liquidar tudo o que era meu. E é claro que não se tratava de dinheiro. Carlos, aquele maldito, não queria dinheiro, ele queria poder, e poder era algo que a famiglia não abria mão facilmente e honestamente, nem eu.

      Se eu cedesse tão facilmente, isso diminuiria meu poder e qualquer um pensaria que poderia chegar e tomar de mim o que quisesse. As vezes eu achava que era isso que aconteceu com minha doce Sofia...

       Outras horas achava que ela simplesmente tinha me abandonado, que ela tinha visto meu verdadeiro eu e finalmente tinha desistido de nós. O que não fazia sentido ela fazer isso sem dizer uma palavra, um bilhete... até do ex marido que a traia ela fez questão de se divorciar legalmente...

      E se eu imaginasse que ela estava morta, então eu não poderia suportar a dor. Eu já não raciocinava com clareza.

      Os únicos momentos em que eu tinha alívio era quando estava drogado. O que estava ficando cada vez mais difícil, pois exigia cada vez doses maiores.

       Augusto ainda me permitia ter acesso a muito dinheiro, mas até ele estava começando a querer controlar o meu dinheiro, pois ele sabia que eu iria gastar tudo em drogas, bebidas e prostitutas.

       O lado bom das prostitutas é que elas eram facilmente substituíveis. Eu podia fazer o que quisesse com elas. Fodê-las com força me aliviava um pouco. Mas as vezes eu perdia o controle.

      Eu sempre tive que fazer um esforço para manter o controle, pois do contrário, Sofia me abandonaria, bom, agora que ela já fez isso... sou livre para fazer o que quiser. E isso era assustador.

        Até sentiria algum remorso pela pobre menina que morreu. Ou foi mais de uma? Já nem tinha certeza, não tinha porque sentir remorso, se ainda sentisse alguma coisa, além da dor. O que eu não sentia.

       Droga, estava começando a sentir aquele peso no coração de novo. Precisava de mais. Foi quando eu realmente olhei a minha volta.

       Aonde eu estava? Parecia um hospital.

      - Alexandre! Você acordou! Vou chamar o médico.

        Médico? Que médico porra!

        Antes que eu pudesse protestar, um outro homem entrou no quarto, junto estava Mendonza. Nossa fazia tempo que eu não via aquele maldito carcamano! O médico me examinou. Não sei porque todo esse drama.

        - Alexandre! Porra! Você estava tentando se matar! - quando todos saíram do quarto, Augusto começou o drama dele. Nossa, as vezes ele me irritava.

        - Fale baixo estou com dor de cabeça!

        -  Dor de cabeça! você quase morreu! - Augusto gritava ainda, que ódio.

         - Grande coisa... isso já aconteceu várias vezes conosco - percebi que ainda falava um pouco mole. Deve ser os remédios.

         - Alexandre! Você esteve em coma! Os médicos não sabia dizer se você iria voltar ou não!

       - Não se preocupe! Estou aqui!

        - Irmão, fale para mim, o que eu posso fazer para te ajudar? - tom de voz dele demonstrava a dor dele.

        - Ache a sofia! Porra! Você é o meu chefe da segurança e você falhou comigo! Sua unica missão era cuidar dela! E ela desapareceu! è tudo culpa sua!

        - Eu estou tentando... eu estou tentando...

       - Você é um bastardo que não faz nada direito! Não sei porque meu pai quis reconhecer você! Um merda que não serve para nada!

        Sim, eu vi o quanto Augusto ficou magoado com minhas palavras. Que se foda, o objetivo era exatamente esse. Espalhar a dor, só assim parecia que a minha dor iria diminuir.

       - E se eu achá-la? O que você vai fazer? Sequestrá-la?

        - Nunca mais vou deixar ela sair de perto de mim! Ela nunca mais vai a lugar nenhum! - falei da boca pra fora. Não tinha ideia do que faria.

       - Se eu a encontrar, nem a força você vai conseguir mantê-la ao seu lado! Olhe pra você! Você tá acabado! Você acha que alguém vai te querer assim? - Parece que ele devolveu a pedrada.

        Eu me levantei. Não iria ficar ouvindo ele falar merda para mim. Eu mesmo tirei a merda do acesso intravenoso. Tentei disfarçar o quanto me sentia fraco. Não me lembrava a última vez que tinha comido nem a última vez que tinha realmente dormido, sem que fosse por coma alcoólico.

       Tentei ser alguém digno do amor de Sofia, mas parece que não funcionou. Talvez eu tivesse sido ingênuo ao achar que ela realmente me amaria. No fim, ela fugiu de mim, me abandonou, como todos aqueles que eu amei.

Eu te faço livreOnde histórias criam vida. Descubra agora