Capítulo XXXVI

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        Eu vi quando as pupilas dele começaram a encolher. A tremedeira começou a diminuir. Sabia que ele estava voltando a si. Não foi realmente uma surpresa quando ele estendeu o braço e me pegou pelo pescoço me jogando no chão. Mas eu decidi não reagir. Ele merecia ter o momento dele.

       - Que especie de jogo mental é esse hein Sofia? 

        - Agora você sabe quem eu sou

         - Que porra é isso? O que você está fazendo comigo?

        - Você tá me machucando - ele estava segurando firme, mas não estava realmente me estrangulando. Embora ele estivesse fraco, ele ainda era muito mais forte que eu.

       - Me fala logo o que você quer!

       - Não consigo falar! Me solta! Nós estamos perdendo tempo!

       - Tempo pra que! Me fala! - ele apertou um pouco mais.

       Eu já estava cansada e com as emoções em frangalhos. Já tinha tido a minha resposta.

       - Me solta e eu te falo! Alexandre! Me solta!

       Ele foi afrouxando o aperto mas não me soltou.

        - O que você esta fazendo?

        - Eu precisava conversar com você, te trouxe pra cá pra você ficar limpo.

      - Limpo?

       - Sim, fedendo e mijado de tanta droga não seria uma conversa produtiva.

       - Há quanto tempo eu estou aqui?

       - Quase uma semana.

      - O que você me deu?

       - Remédios pra ajudar na abstinência.

       - Por que você voltou?

      - Eu não queria mais fugir. Quero resolver as coisas entre nós.

       - O que há para resolver? Você fugiu de mim.

      - Sim.

      - Por que?

     - Eu estava confusa e com medo. Eu sei que devia ter conversado com você, mas eu não consegui...

       - Com medo? de mim?

       - Você notou que está me enforcando não né?

       - Por que você voltou? Quem te mandou?

       - Ninguém me mandou. Eu já disse. Precisava resolver as coisas com você.

       - Por que agora?

       - Por vários motivos. Entre eles porque era o certo a se fazer

      - O certo?

        - Não me orgulho de simplesmente ter sumido.

      - Me fala o que aconteceu.

       - Dá pra você me soltar? Você está me machucando! Fui eu quem te trouxe aqui, eu não vou embora! Eu não vou a lugar algum, até te explicar tudo.

      Ele pareceu um pouco satisfeito porque saiu de cima de mim. A arma na parte de trás estava machucando as minhas costas.

      Eu tossi um pouco, dramatizando o enforcamento. Apontei para a garrafa de água no canto.

      - Me dá água, por favor. - ele me entregou, mas ainda me olhando desconfiado.

      - Sofia! fala logo porra!

       - A pasta em cima da cama.

        Eu mostrei novamente a pasta com todo o material impresso da casa de Mendonza. Ele viu quando estava drogado, agora o cérebro dele estava quase normal.

        - Eu não entendi o que é isso - Alexandre perguntou. Eu respirei fundo. Eu teria que contar tudo de novo.

       - Eu achei essas coisas no computador de Mendonza.

       - Como você teve acesso ao computador dele?

       - Isso não é o importante. O importante é isso - mostrei os ultrassons, os relatório médicos da minha falsa gravidez.

       - Eu não entendo. O que isso quer dizer?

       - O bebê que nós perdemos não existia

       - Como assim? você fingiu?

       - Não idiota! Eu achei que você estivesse me enganando!

      - Por que eu faria isso?

       - Para me obrigar a casar com você - ele me olhou magoado. - Eu sei! Mas eu peguei essas informações fora de contexto, me fizeram acreditar que você estava mentindo para mim. Me drogando.

       - Explique. - estendi a garrafa de água para ele, para que ele bebesse. Ele bebeu.

        - Durante o sequestro, Rodrigo me mostrou essas coisas e me disse que você estava mentindo para mim. Que você me fez pensar que estava grávida e que tínhamos perdido o bebe.

       - Isso é um absurdo, como você pode!

       - Não foi o meu momento mais inteligente

       - E foi por isso que você me deixou?

       - Não só por isso...

       - Tem mais?? ele passava a mão pelo cabelo, visivelmente irritado.

       - Se você ver os outros prontuários médicos, existem outras anotações. Havia vários tipos de drogas no meu corpo - ele me olhou sério. O olhar dele era tão intenso que se fosse em outros tempos eu iria encolher. - Todo tipo de droga. Que me deixaram muito doente. Quando meus pais morreram isso tudo veio de uma vez... eu fiquei perdida... me senti enganada sem saber o que pensar... Eu...

        - Decidiu ir embora.

       - No momento não era bem uma partida, eu só queria dar um tempo, mas como eu te disse... eu fiquei muito doente... e o tempo foi passando... foi só agora que eu tive forças para vir. - Procurei por uma expressão melhor, mas era isso mesmo, só agora que eu tive forças para fazer algo a respeito.

        - Como você pode...

       - Me perdoe... Eu estava errado. Você era inocente. Eu fui injusta com você. Eu me arrependo muito.

       - isso não muda as coisas não é?



Olá pessoal!! Voltei e para ficar!! Uma alegria imensa estar de volta pois estava com muita saudades desse casal louco!!

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