Capítulo LIII

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       À medida que os convidados chegavam com suas famílias, eram recebidos por Alexandre, Augusto e por mim. Todos se perguntavam porque estavam ali. Havia um burburinho se Alexandre iria reassumir a famiglia, se iria matar o irmão. Sim, haverá sangue essa noite.

        A contragosto, deixei que as crianças fossem vistas. Enzo e Matheo vestiam mini ternos que só de olhar eu sentia vontade, ou melhor, a necessidade de apertá-los e mordê-los. Isadora usava um vestido branco, com algumas rosas brancas bordadas todo rodado e com laços prateados nos cabelos. Ela não era um bebe cabeludo, enquanto que Enzo e Matheo tinham muito cabelo. Eles estavam tão lindos, que eu sentia meu coração doer por imaginar o quanto eram inocentes e o mundo à nossa volta era cruel. Essa dor no meu coração me motivava a fazer o que teríamos que fazer essa noite. Hoje nós faríamos do mundo um lugar melhor para eles.

       Fiz um sinal e pedi as babás que subissem com eles. Quatro seguranças foram destacados para fazer a segurança deles e foi pedido que as três babás e Marisa cuidassem deles. Além dos seguranças, elas foram orientadas a permanecer armadas e com coletes.

       Todos me disseram que eu estava exagerando, mas eu não abri mão disso. Essa noite as portas do inferno estavam abertas.

       Assim que todos terminaram, Augusto fez um sinal e os homens foram encaminhados para a sala de reuniões. Os doze capos das principais famílias, e mais algumas pessoas, estavam sentados ao redor da mesa. Augusto sentou-se na ponta, ao seu lado Mendonza e do outro lado Alexandre. Ele se sentou e eu parei atrás dele. Eu era a única mulher ali.

      Augusto se levantou em pé, pegou seu copo de uísque e bateu com a ponta de seu isqueiro, fazendo com que todos silenciassem.

      - Caros amigos, irmãos, famiglia. Todos estão apreensivos pelo motivo que os chamei aqui, mas fiquem tranquilos. O motivo é que nossa família passará por alguns ajustes.

      - ora, mas deveríamos ter sido consultados sobre qualquer alteração. - Manfredo, uma das famíglias mais antigas se sentiu no direito de interromper.

       -  bem - Augusto respirou fundo, muito irritado - essa será a única interrupção. A família deve funcionar unida, mas eu ainda sou o capo, eu ainda sou a lei, e eu sei o que é melhor para nós.

       - Ora, só porque você está sentado nessa cadeira, se sente no direito de mandar em todos nós? Um bastardo! - Alexandre, sentado, virou sua cabeça para mim e eu assenti. Dei-lhe a permissão de ser sua pior versão. Eu senti um frio na barriga e minhas pernas amolecerem, mas me apoiei firmemente na cadeira. Alexandre pegou minha mão, a beijou, arrasou a cadeira e se levantou.

        Sem dizer nada, ele mirou sua arma e atirou no Manfredo. Todos arregalaram os olhos e fizeram questão de sacar suas armas. Augusto e eu também sacamos nossas pistolas. Eu tinha um coldre na minha coxa que facilmente consegui pegar pela fenda aberta do meu vestido longo.

       - Antes que eu dê a palavra para mais alguém, deixe-me esclarecer algumas coisas. - Augusto continuou apesar das armas apontadas para todas as direções. - Eu não sou mais um bastardo que chegou aqui na Sicília. Hoje eu sou o Don, e ainda assim, um bastardo, como ele preferiu dizer, vale muito mais do que um traidor.

       As pessoas ficaram visivelmente nervosas quando a palavra traidor foi mencionada. Eu só tinha olhos para Mendonza.

       Eu não sou mais um bastardo. Eu tenho o nome, o sangue e o poder de meu pai. Mas um traidor, é apenas um verme. Dito isso, alguém quer vingar a morte dele? - todos os outros caporegimes abaixaram as suas armas. Ninguém teve coragem de dizer nada.

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