Capítulo XLIX

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        Estava no jardim com as crianças. Tinha que admitir que naquele clima ameno as crianças estavam muito bem. Estavam se alimentando bem, tinha ajuda de quatro babás e a Marisa, que cuidava da casa. A cozinheira seguia a risca as minhas orientações sobre a comidinha deles, e o mais importante, elas estavam muito felizes, elas amavam Alexandre e Augusto. Eu evitei ao máximo sair da propriedade com as crianças nem deixar Mendonza chegar perto delas. Augusto tentava resolver qualquer assunto que demandasse a presença dele, fora da casa, ou longe de nós.

        No jardim, estendi uma toalha, besuntei as crianças com protetor solar e repelente e joguei vários brinquedos no chão, mas as crianças preferiam brincar com a grama, com uma panela de alumínio e com um mordedor de cachorro. não importava quantos brinquedos Augusto tivesse comprado para eles.

         Nesses momentos eu me sentia tão feliz e plena que tinha até medo.

         Alexandre tinha saído com Augusto. Claro que aquilo me preocupou. Fazia duas semanas que estávamos praticamente vinte e quatro horas por dia juntos. Temia que ele estivesse tendo uma recaída.

          - Não se preocupe bella, vou leva-lo a terapia. Eu cuido dele. - Me surpreendeu. Quer dizer, era o que eu esperava dele, mas não tinha certeza se ele levaria isso a sério. - Vou marcar um horário para você?

         - Pra mim? Mas eu não... - pela expressão do rosto de Alexandre, vi que ele estava falando sério e até um pouco apreensivo. Ele queria mesmo que eu fosse a terapia com ele. - Claro, sem problemas!

        - Obrigado, é muito importante para mim!

         - Sem problemas! - Alexandre e Augusto deram beijos nas crianças. Isadora já estendeu os braços querendo atenção, Enzo e Mateo nem deram bola para a presença deles

         Alexandre se abaixou e me deu um beijo, não sei se a intenção dele era beijar a minha boca, mas eu me virei bem na hora e bom, ganhei um beijo cinematográfico de língua, que fiquei até babada. Augusto deu um beijo no topo da minha cabeça e eu abracei o pescoço dele.

          Cerca de três horas depois, eles apareceram de volta, calados e com um ar de pesar. Nós estávamos sentados no quiosque que havia no jardim, onde havia um enorme sofá redondo onde estava uma sombra gostosa. Começava a escurecer então batia um ventinho frio. Os três pestinhas agora eram três anjinhos dormindo.

        Os dois olharam para mim e nem me cumprimentaram direito

        - Querida, por favor, pode pedir a Marisa para cuidar deles e irmos conversar no escritório.

          O nó no meu estomago imediatamente se formou tão forte, que respirei fundo para não me faltar o ar. Em segundos Marisa e outra empregada apareceu e os pegaram e os levaram dormindo mesmo. Nós três fomos direto para o escritório.

         Augusto foi direto para a garrafa de uísque, mas quando ele percebeu que iria beber sozinho, mudou de ideia.

        - O seu cara é bom.

       - O que ele descobriu? - Augusto foi até a impressora do escritório e pegou um calhamaço de papel e me deu. Eram muitas folhas, decidi me sentar calmamente comecei a ler.

        Eles ficaram parados, um silêncio sepulcral e eu lendo, tentando ler com calma as palavras, cada palavra.

         Ali havia vários emails trocados. Emails curtos e objetivos. Mas não só isso. Depois começava alguns extratos bancários, fotos. Relatórios médicos.

Eu te faço livreOnde histórias criam vida. Descubra agora