Capítulo XXVII

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SOFIA

        - Como assim você quer que eu vire as costas para o meu pai? ele só tem a mim!

        - Não disse que você não pode mais falar com ele, eu disse que não precisávamos fazer parte da vida profissional dele.

         - Ele nunca vai aceitar isso! Se eu sair da empresa dele, ele vai me deserdar!

         - E daí? Você é o único filho dele! Ele não vai fazer isso e se fizer, nós não precisamos de tanto dinheiro assim!

        - Você faz ideia do que está falando? Você está louca? Sabe quanto custa manter essas três crianças? Sabe os gastos que elas dão!

         - Oi? Eu ouvi errado ou você está me chamando de louca? Ou melhor, você está insinuando que eu não sei como é cuidar dos meus filhos? Ou está simplesmente jogando na minha cara que você me sustenta?

          - Hospitais, médicos, babás, leites especiais, casa, comida...

          - Desculpe se nós somos um fardo para vocês

          - Não se faça de idiota! Eu não estou dizendo isso!

         - Eu já entendi o que você está dizendo Rodrigo. Você não quer abandonar os negócios do seu pai. Você gosta do dinheiro, do status e do poder que ele te traz. Você gosta disso!

         - É hipocrisia sua desmerecer todo o dinheiro do qual você está usufruindo... você e seus filhos... você bem que gosta de ter tudo na mão!

         Eu fiquei em silêncio, dando a ele a chance de pensar no que estava falando, mas não satisfeito, ele continuou.

         - Não sei porque você está fazendo esse showzinho! É disso que você gosta, um homem mal que te dê tudo o que você quer! Você se casou com Alexandre e fez três filhos com ele, agora quer ser a mocinha certinha? Eu conheço muito bem seu tipo! - Ele se aproximou de mim e segurou meu queixo e começou a me beijar. Eu tentei empurrá-lo mas ele não me soltava. Então eu mordi o lábio dele e ele me soltou, não sem me dar um tapa na cara que me fez ficar atordoada.

         - Você tem toda razão - se tinha uma coisa que eu tinha aprendido é que eu sempre perdia as brigas com pessoas mais poderosas do que eu. Não valia a pena. - E eu vou pagar por tudo. E eu sou muito grata sim. Você me ergueu do fundo do poço, mas você fez isso com seu amor, não com seu dinheiro.

           Nós tínhamos levado a briga para a sala, porque minha bebezinha linda estava dormindo e estávamos torcendo para os meninos voltarem a dormir, mas o barulho da babá eletrônica diziam que eles não estava dormindo.

            Eu virei as costas para Rodrigo e fui até o quarto deles e tranquei a porta.

          Fiz uma das coisas que eu mais amava. Coloquei um edredom fofinho no chão e os deitei ali, assim eles podiam olhar para mim, podia fazer carinho nos três ao mesmo tempo e eles podiam brincar livremente, ou no caso deles, começar a engatinhar.

        Eles brincaram até cansar, e dormimos ali mesmo, no chão.

         Eu queria chorar, gritar... mas algo dentro de mim me dizia que não valia a pena de desesperar. Eu tinha que ter sangue frio e fazer o que fosse melhor para nós. E dessa vez, eu não iria fugir.

       Não sei quando peguei no sono. Mas acordei com Rodrigo em cima de mim, ali, no chão mesmo. Eu tinha posto os pequenos nos berços e deitei ali mesmo, Eu não conseguiria olhar para a cara de Rodrigo naquele momento. Mas ali estava ele, em cima de mim, me alisando e tentando tirar a minha roupa.

       - Rodrigo, o que é isso! Para! Eu não quero! Como você entrou aqui?

        - Como você acha, bobinha, eu tenho a chave... é a minha casa... é a minha ilha...

       - Para!

        Eu senti aquela sensação de impotência quando vi o que ele estava fazendo. Bêbado, é verdade, e eu já conhecia o peso de um homem forte e poderoso, que detinha o poder de me matar ou de me fazer viver.

        - Rodrigo, amor, por favor, pare com isso! Está me machucando... Tentei soar gentil e manhosa, para ver se ele reagia melhor

        - Que isso gatinha, eu sei que você gosta de um sexo selvagem! Eu sei como você era com Alexandre! Eu sei que ele te fodia com força! Vamos lá! Por que eu não posso!

        - Rodrigo! Me escuta, olha pra mim... As crianças estão aqui... Vai acordá-las

       - Não vão não, é só você ficar quietinha... esses bastardinhos tem o sono pesado...

         A náusea que me veio quase me fez colocar o que eu não tinha comido para fora. Eu sentia aquela mesmo desespero de saber o final do que iria acontecer. Iria doer fisicamente, mas iria me quebrar por dentro e eu não podia me dar ao luxo disso de novo.

        Me desvencilhei dele e acertei um chute entre as bolas dele e ele caiu, se contorcendo de dor. Eu não sabia se tinha alguma chance, mas eu não cairia sem lutar. Para onde eu iria?

         Peguei o telefone e fiz uma ligação. 

Eu te faço livreOnde histórias criam vida. Descubra agora