Capítulo XXIV

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RODRIGO

        Cheguei em casa depois de três dias de viagem e subi correndo para meu apartamento. Eu quis comprar uma casa para nós mas a verdade é que Sofia era uma mulher simples. O apartamento de dois quartos era suficiente para nós. Embora fosse só dois quartos, era duplex, três banheiros, sacada gourmet, afinal, eu adorava cozinhar. Cabia as pessoas que queríamos receber, era perto do hospital e éramos felizes ali.

        Desde que os ratinhos vieram para casa nós pudemos começar o nosso namoro! Meu Deus, ela é tudo o que eu sempre achei que ela seria! Ela era sexy, forte, determinada, carinhosa, meiga e gentil. E me fazia rir com suas palhaçadas. E ver ela com os ratinhos era minha visão favorita.

        Quando eu precisava viajar eu acessava as câmeras de segurança da casa só para ficar vendo ela brincar com eles, ou contar histórias, como se eles entendessem alguma palavra do que ela dizia.

        Eu amava aquelas crianças e a amava. Com todo meu coração. Eu nunca tinha sido tão feliz.

        Claro que quando meu pai me procurou no dia seguinte em que as crianças saíram do hospital me atrapalhou um pouco.

        - Filho, o que você está fazendo com ela?

       - Como assim pai? Nós estamos juntos, nós nos amamos.

        - Você realmente acha que ela o ama? - eu sabia que ela não me amava, não como ela amou Alexandre, mas a verdade é que ele partiu o coração dela de tantas formas, que ela achava que não seria capaz de amar de novo. Mas eu sei que ela gostava de mim.

        - Sim, sei que ela me ama e eu amo os ratinhos

        - Ratinhos?

         - É , os trigêmeos, eles pareciam ratinhos quanto nasceram.

          - E eles só estão aqui porque você cuidou deles.

          - Eu não fiz isso para ter nada em troca.

           - Sei que não filho, você é um homem bom, mas também é um homem inteligente e está na hora de cobrar esse favor.

       - Do que você está falando?

         - Pense Rodrigo.

        Eu não queria admitir mas eu já tinha pensado nisso. Eu não era um homem de negócios como meu pai. Eu era um sniper. Um muito bom, que às vezes usava esse meu talento para ganhar dinheiro. E para ter sucesso eu precisava ter paciência, muita paciência para encontrar a posição perfeita, o momento perfeito e esperar até que o alvo estivesse exatamente aonde eu queria. Por isso eu sabia que em algum momento, ela iria me amar de verdade. Como eu a amava.

          Outro aspecto do meu trabalho era calcular todas as variáveis. Desde os raios de sol, a posição das nuvens, da lua e até mesmo o vento. Tudo isso era considerado para o tiro perfeito, e por isso, eu já tinha pensado que em algum momento, meu pai ou os aliados deles, poderiam usar Sofia como um arma contra Alexandre e contra a Cosa Nostra. Meu pai tinha como aliados a Yakuza, e eles odiavam muito a Cosa Nostra.

       Todos pensavam que era Bravta que era a maior inimiga da Cosa Nostra, mas a Yakuza era sem misericórdia, sem trégua.

        Eu considerei tudo isso, mas achava que meu pai fosse me ajuda a proteger a mulher da minha vida e meus filhos. Que ele seria o avô deles. 

       - Não pai, não vou colocá-la no meio de outra guerra!

        - Não terá risco nenhum se nós vencermos.

        - O que você está pensando, exatamente, pai?

         - Que nós poderíamos usar Alexandre e fazer um grande estrago na Cosa Nostra. Ele seria o sucessor do capo tutti, ele tem acesso a contas, contatos, ele seria nossa porta de entrada. Nós teríamos tudo

          - Nós já temos o suficiente - Eu já tenho o que sempre quis.

         - Não diga tal bobagem! nós podemos ter o mundo!

          - Eu já tenho. Eu já tenho a mulher que amo e três filhos lindos! Não vou usá-los novamente! Não farei parte disso.

            - Não sei se você terá escolha.

           Eu sai de lá antes de perder a paciência com meu pai. As vezes ele era tão cretino! Assim que nós nos casássemos, ele pararia com isso e nos deixaria em paz, afinal, ela seria minha esposa, mãe dos netos dele.

         Deixei de pensar nisso e foquei no que me esperava,

         Quando finalmente cheguei em casa, senti um cheiro gostoso, havia algo cozinhando. Tirei a jaqueta e corri até a cozinha. Lá estava os três ratinhos, dormindo em suas cadeiras de balanço em cima da mesa, enquanto Sofia ouvia música e dançava enquanto mexia a panela. Ela vestia uma camiseta minha, bem, na verdade, todas as minhas camisetas eram dela agora, ela é quem me emprestava, e usava um shortinho curtinho. Seu cabelo estava desalinhado e eu a achei linda.

          Fiquei ali parado na porta, observando-a por alguns segundos antes de ela me ver, antes das crianças acordarem e tudo virar uma loucura.

         Ela olhou direto para mim e abriu um sorriso que iluminou meu coração.

         - Hei! você voltou! - ela vem correndo em minha direção, e abraça meu pescoço. Eu a ergo pela cintura e ela entrelaça as pernas na minha cintura. 

Eu te faço livreOnde histórias criam vida. Descubra agora