Capítulo XXII

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SOFIA

      

  - Augusto!

       - Ciao bella! tudo bem?

         - Mais ou menos, você pode falar?

         - Claro, o que houve?

         - Não se preocupe, nós estamos bem... é o pai do Rodrigo... o que você me diz dele?

         - Carlos... o que ele fez?

          - Nada, por enquanto...

          -Olha, eu estou cuidando de umas coisas, te ligo mais tarde, pode ser?

           - eSm problemas.

           Augusto ligou no final do dia. Não me preocupei. Quando ele ligou eu ainda estava sozinha, já que tinha dispensado a babá. Imaginei que pudesse ter câmeras na casa, talvez até escutas, mas não podia viver com medo disso. E também não iria esconder dele a preocupação que o pai dele me trouxe.

           Bom, o que eu já saiba sobre ele era que ele tinha ordenado o sequestro, e Augusto me explicou que foi porque ele queria negociar com Alexandre a divisão de clientes de armas. Alexandre estava ganhando cada vez clientes, pois as armas eram melhores e ele estava abastecendo o Hamas, Al Qaeda e o Estado Islâmico. O mercado do terrorismo era muito lucrativo. Sim,  Alexandre acabou de subir na minha escala de um mafioso  para um terrorista. A guerra estava sendo lucrativa para todos, mas estava perdendo seu equilíbrio. Carlos tratou de restabelecer esse equilíbrio. E Alexandre parou de vender armas para todo o oriente médio, esse foi o acordo para que eu fosse devolvida com vida.

            O raciocínio de Augusto era muito simples. O que mais Carlos poderia ganhar não só com a minha vida, mas com a vida dos três filhos, bebês, de Alexandre, que ele sequer sabia que existiam?

          - Querida, eu já tinha considerado isso, mas achei que Rodrigo pudesse dominar o pai, ou enfrentá-lo, já que vocês estão juntos. Alexandre enfrentou o capo di tutti pra ficar com você. Era de se esperar que Rodrigo fizesse o mesmo...

           - Eu não sabia disso... 

          - Alexandre não poderia se casar com uma mulher fora da famiglia....

        - Em especial das forças policiais... Entendo... - eu nunca tinha parado para pensar sobre isso - Nós não estamos exatamente juntos... quer dizer... estamos... mas não é como era....

            - Você não o ama.

           - Augusto...

          - Sem julgamentos... mas é visível que ele te ama, sabe disso não?

          - Não é sobre isso que eu liguei.

          - Certo, sobre estar no meio de uma guerra de máfias, outra vez.

           - Eu preciso desligar.

          Nem me despedi. Eu estava sempre no meio de uma guerra de máfias, sempre dependendo de alguém para me proteger, mas não permitiria que meus filhos ficassem no meio disso.

          E para isso, eu precisava parar essa guerra antes de começar.

         O trunfo que Carlos tinha, era a minha presença e dos meus filhos, e o fato de que manipularia Alexandre com isso.

        Eu conversaria com Rodrigo quando ele voltasse, considerando que ele não pensasse em nos usar para chantagear Alexandre.

AUGUSTO

         Eu totalmente respeitava a decisão de Sofia de ficar longe de Alexandre e prometi não contar a ele sobre os ratinhos, quer dizer, os capos bambinos,  como eu chamava. Muito melhor que esse apelido ridículo. Esse apelido pegou! Eles agora não se pareciam em nada com ratinhos, e sim com três anjos. mal podia acreditar que eles fizeram um ano.

        Eu prometi a Sofia que eu não contaria, mas que em algum momento ela contaria e eu achava que já estava ficando na hora.

        Suspeito que foi por isso que ela desligou o telefone tão bruscamente.

         Alexandre precisava disso. Ele era um idiota, mas era meu irmão e eu o amava, e eu acreditava que só isso poderia ser o suficiente para trazê-lo de volta a vida. Literalmente. Só rezava para que não fosse tarde demais.

       Eu vim para a Tailândia para socorrê-lo. Ele teve outra overdose e os médicos acreditavam que ele provavelmente teria sequelas se acordasse. Se acordasse.

         Era tudo muito recente, eu tinha acabado de pousar na Tailândia quando Sofia ligou. Só atendi porque achei que era algo com os bebês. Eles ainda demandavam cuidados e ela era sempre muito preocupada com a saúde deles.

      Por isso fiquei sem saber o que fazer. A noite quando soube que Alexandre estava estável, embora em coma e não havia mais nada o que fazer, achei que pudesse retornar a ligação

        Droga irmão! por que você tinha que ser um idiota! Agora Sofia talvez não estivesse segura e ao invés de fazer algo útil, você estava se drogando com mais prostitutas.

         Não só isso, ele tinha perdido completamente o controle. Em três ocasiões eu tive que intervir e acionar a influência da famiglia para consertar as cagadas dele. Ele matou três garotas. Uma delas estrangulada, a outra, morreu numa overdose por estar se drogando com ele. A terceira, morreu eletrocutada na banheira.

        A paciência da famiglia estava acabando, Alexandre precisava voltar logo, e resolver tudo. Eles não iriam aceitar ficar limpando as merdas dele por muito tempo, enquanto ele não fazia nada de útil.

       Ele estava atrapalhando os negócios e chamando uma atenção desnecessária, além de não estar cumprindo com seus deveres. Não sei por quanto tempo eu vou conseguir controlar tudo.

      No começo era só sobre dinheiro.

       A famiglia perdoou a ofensa a Marissa porque Alexandre dava muito lucro, e praticamente dominávamos o mundo do tráfico de drogas e armas.

      Então Sofia apareceu, houve o sequestro e nós perdemos uma grande parcela do globo. Depois que Sofia "desapareceu" Alexandre era um morto vivo. As pessoas resolveram esquecer que o perdoaram.

      Alguns capos estavam querendo tomar o lugar dele, ele já não tinha o apoio da família, e com Carlos colocando as garras de fora, isso poderia resultar em sangue em pouco tempo.

          Eu não queria assustar Sofia, por isso não disse nada a ela. Mas eu iria precisar de ajuda para resolver isso. 

Eu te faço livreOnde histórias criam vida. Descubra agora