Capítulo LXII

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SOFIA

           - Augusto! Se concentra! nós não temos muito tempo! Preste atenção!

           - Pelo amor de Dio Sofia! Pare com isso!

            - Daqui há alguns meses, Alexandre fará um ano de sobriedade, você deve continuar fazendo os exames para ter certeza que ele está limpo e dar isso a ele. - Entreguei para Augusto um presente que eu tinha comprado para Alexandre há bastante tempo, uma moeda comemorativa de narcóticos anônimos, de um ano de sobriedade.

           - você mesmo vai entregar isso a ele.

         - Nós já passamos por isso, você estava lá. Eu fiquei morta por alguns minutos. Já tive minha cota de milagres.

          - Sorella, eu vou te ouvir, para você ficar em paz, mas depois você vai me ouvir.

          - Quero que as crianças conheçam o Brasil, isso é importante para mim, vai ser o meu último elo com eles. Também não deixe que Alexandre fique muito severo com eles, são... - eu me emocionei e as lágrimas escorreram.

           - Chega! - Alexandre entrou no quarto furioso e abriu a porta fazendo um estrondo. - Chega disse voces dois. Augusto, saia.

          - Alexandre...

          - Chega Sofia! Você está proibida de desistir me ouviu bem? - Ele me pegou pelo pescoço como ele fazia, sem me apertar ou sufocar - você é minha, ouviu bem? E eu não vou perder você. Está me ouvindo? Vamos, responda!

           - Sim

           - Não quero mais ouvir sobre isso! A única coisa que faremos será criar nossos filhos juntos!

          Ele me abraçou e beijou meu rosto enxugando as minhas lágrimas. Depois ele me beijou nos lábios, com delicadeza e carinho, mas ainda assim havia paixão. Ele não se demorou muito, porque eu estava sem ar.

           - Nós vamos viajar.

           - Ah? Como assim? - um batalhão de empregadas e enfermeiras entrou no quarto e começou a arrumar tudo. - Alexandre! E as crianças? - Mas ele se virou e saiu, me deixando sozinha.

          Em quinze minutos praticamente tudo estava pronto. Alexandre voltou para o quarto, me pegou no colo e me levou para o carro, nem ao menos pude me despedir das crianças. As babás os trouxeram quando eu já estava no carro, eu apenas os beijei e os abracei rapidamente.

          Alexandre sentou se ao meu lado e colocou um calmante na minha boca. Eu nem discutir, meu peito doía, de medo e de dor.

           - Não vi quando chegamos no hospital, e num primeiro momento não sabia aonde estava.

         - Ale... Ele estava ao meu lado e de imediato veio até mim. Ele estava deitado numa cama ao lado da minha.

         - Oi amore! Como está se sentindo?

         - Bem... Aonde estamos?

         - Zurique.

        - Suiça?

         - Sim! Que lindo! Que romântico!

         - Depois da cirurgia, vamos passear pelo mundo todo, aonde você quiser!

          - Cirurgia?

          - Sim, meu amor, conseguimos um coração!

            - Não acredito! - Eu o abracei

           - Ei... calma... - ele dizia rindo - comporte-se!

           - E por que viemos para Suíça? Por que não fazer na Itália mesmo?

            - Aqui tem um centro cirúrgico que é o mais avançado do mundo. Foi indicado por diversos médicos. Eu conversei com a equipe e eles foram incríveis.

           - Ale... por que você não me disse antes?  

            - Queria ter certeza que tudo daria certo, você não pode ficar ansiosa ou nervosa.

          - Está certo. Obrigada por cuidar de tudo.

            - Claro bella - ele me deita, ajusta meus travesseiros - eu vou avisar o médico que você acordou.

          - E Alexandre...

         - Sim

        - Algo mais que eu precise saber?

          - Não, bella. Deixe comigo.

           Alexandre saiu e os médicos começaram a entrar, enfermeiras e a cirurgia ocorreria dentro de algumas horas. Um coração compatível estaria chegando e tudo deveria estar pronto.

          Eu me sentia assustada, apavorada e tinha dificuldade em conter as lágrimas. Oh Deus, eu quero muito viver para ver meus filhos crescerem" mas ali tudo o que eu podia fazer era esperar e ter fé. Como a minha pressão estava subindo muito, os médicos optaram por me sedar, e honestamente, até preferi assim, eu estava assustada demais.

        Meu corpo foi ficando leve, eu ainda insisti em continuar falando, mesmo ouvindo minha voz pastosa e imaginando que ninguém deveria estar entendendo o que eu estava falando, já que ninguém me respondia.

        Abri os olhos assustadas. Não sabia onde estava nem quanto tempo tinha se passado.

       Senti muita dor no corpo, muita dor, em especial no peito. Sem conseguir conter um gemido saiu da minha gargante, um e depois outro e quando vi, já estava chorando.

       Eu não conseguia pedir por ajuda, nem nada assim.

       Alguém entrou no quarto correndo e começou a acariciar meu rosto.

        - Calma pequena, calma... - eu não consegui atinar de quem era a voz. Não me importava. Quero que a dor passe!

       Em alguns minutos noto uma movimentação e vultos, mas só quero que a dor passe. Tento pedir ajuda, dizer alguma coisa mas minha garganta arde e eu não consigo.

        Algum tempo que não sei quanto, a dor começa a diminuir e minha respiração se acalma. Sinto que ainda choro e não sei bem porque. Mas uma mão gentil enxuga as minhas lágrimas.

       - Calma pequena, já passou... - quando ele enxuga as lágrimas dos meus olhos e eu consigo ver, tenho uma surpresa

        - Rodrigo!

         - oi pequena... eu vim te buscar - a voz dele era doce, mas não fazia sentido para mim. - Querida, eu vim te buscar. - Eu ainda estava zonza e não entendia o que ele dizia? Aonde estava Alexandre? - Fique tranquila meu amor, eu vou cuidar de você.

         Rodrigo começou a se mexer com desenvoltura como se estivesse habituado ao ambiente. Dois enfermeiros entraram com uma maca. Começaram a mexer nos fios em mim. Eu comecei a ficar com medo, eu não entendia nada.

         - Rodrigo... minha voz saiu baixa e rouca, minha garganta doeu. - Ele beijou a minha testa e continuou a fazer o que estava fazendo.

           Depois de me colocar na maca, senti dor, porque os tais enfermeiros me colocaram de qualquer jeito. Eu estava sentindo um pouco de falta de ar. Assim que saímos do hospital, ele me coloca numa ambulância e de repente escuto um estrondo muito alto e um vento muito forte. Algo no hospital havia explodido.

         - Ah...- Um gemido de susto e de dor saiu da minha boca e eu estava sem ação.

         Rodrigo ficou na parte de trás da ambulância comigo enquanto o outro enfermeiro me medicava. Eu tentei me debater, não queria que ele me desse nada, mas não pude resistir porque Rodrigo me segurou com força. Logo adormeci. 

Eu te faço livreOnde histórias criam vida. Descubra agora