Capítulo LXIII

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ALEXANDRE

         Nós chegamos na Suíça como combinado, o transplante seria em um lugar neutro tanto para mim quanto para Rodrigo, além do que, era um excelente hospital, se ela morresse, Rodrigo disse que ficaria com as crianças.

         Ele disse isso na minha cara!

         Nós temos um acordo carcamano, eu dou o coração e depois da cirurgia ela vem comigo. Se ela morrer, eu fico com as crianças.

         Com o tempo se esgotando, a fila de transplante não andava, e nenhum dos meus contatos do mercado negro de órgãos conseguiu nada. Absolutamente nada! Isso era impossível, a única explicação é que Rodrigo estaria atrapalhando, ou ameaçando ou pagando mais para que ninguém negociasse comigo.

         O quatro de Sofia estava piorando e ela iria perder os rins logo, além de um transplante de coração, precisaríamos de uma transplante de rim e isso só complicaria as chances dela sobreviver ou de ter qualquer qualidade de vida! Então eu aceitei a proposta dele.

         É claro que eu jamais permitiria que ele ficasse com ela ou com qualquer um, mas nós tínhamos pressa.  Eu ia contar a ela, pensei em contar a ela, mas como o quadro de saúde dela estava piorando, eu tive medo. Principalmente depois que ela começou a se despedir de todos.

        O combinado seria que eu a entregaria quinze dias após a cirurgia, ou ele viria buscá-la. Então, eu tinha tempo para acabar com ele de vez.

        Eu estava fazendo o possível para acabar com ele de uma vez por todas, tanto ele quanto o pai, eu não conseguia encontrá-lo nem alcançar o pai dele, que nunca saia da ilha e eu não conseguia pousar lá.

       Sofia está bastante nervosa e eu tento acalma-la, não tenho muito êxito, mas ela toma os remédios, dorme e faz uma boa viagem. Com a orientação do médico, opto por um calmante leve, apenas para diminuir o nervosismo.  Nós nos internamos no hospital, converso com os médicos e em horas é a cirurgia. Quando antes, melhor.

         A cirurgia demora cerca de cinco horas, é o que me disseram, pois para mim, morri e voltei várias vezes. Eu estava desesperado de vontade de cheirar alguma coisa que me ajudasse, ou pelo menos ficar bêbado... mas eu não podia falhar, logo agora. Tentei me acalmar, liguei para meu terapeuta, brinquei com as crianças e por fim, apelei, fui correr. 

        Voltei para a sala de espera exausto.

        - A cirurgia foi um sucesso!! Venha até meu consultório, vamos conversar e depois pode vê-la.

         O médico, dr. Lutz é conhecido como um dos melhores cirurgiões cardíacos do mundo. Augusto teve trabalho para convencê-lo a aceitar o caso de SOfia, pois ele só pega casos que o chamem a atenção, geralmente por serem impossíveis. Eu ainda tinha vontade de bater nele, mas ali, ele me contando que salvou a vida da minha esposa, eu sentia vontade de abraçá-lo. E é o que eu faço.

        - obrigado!

       -  sente se! vamos! - ela parecia cansado, mas feliz.

        Assim que me sento na cadeira, ouço um apito. Tento entender que barulho é aquele, mas antes de encontrar uma resposta, ouço uma explosão enorme. Fico surdo por um tempo, atordoado. Sofia! Meu pensamento vai para ela e eu tento me levantar.

         Vou em direção a porta e ela está caída no chão, jogada pela explosão. Ainda no chão me rastejo para fora da sala e está tudo um caos. Há pessoas correndo para todos os lados e pessoas gritando em alemão, machucadas. Vejo Bernardo caído no chão, chego até ele e tento despertá-lo. Ele esta vivo e está consciente, embora atordoado. Nós nos apoiamos um no outro e tentamos sair dali.

         - Sofia! - Eu digo para Bernardo, e ele entende que devemos ir para o quarto dela. Ele acena com a cabeça e concorda.

      Mais dos meus homens aparecem, eles estava lá fora e ouviram a explosão.

      - Sofia!

       - Nós fomos até lá senhor, e ela não está no quarto.

       - Achem-na! - os homens saem correndo, enquanto eu e Bernardo tentamos sair do caos.

         Saímos do hospital e nos sentamos lá fora. Havia uma infinidade de ambulâncias e de carros de bombeiros. Alguém tenta me examinar mas eu não deixo.

        - Como está senhor? Machucado?  

        - Notícias da Sofia?

        - Teremos em alguns instantes

        - Porra bernardo! O que aconteceu? - Bernardo não me responde. Mas aparece com gaze e álcool e tenta limpar a minha testa, pois tenho um corte que não para de sangrar e escorre pelo meu rosto. Aquilo arde que é uma merda mas não xingo.

        - Vamos!

       - Senhor, parece que alguém levou a senhora. - é um dos meus homens me dizendo.

       - Quem?

        - Não dá pra ver o rosto, mas acredito que seja Rodrigo. - e ele me mostra umas imagens que parecem ser das câmeras de segurança, ele filmou do próprio monitor, e parte da tela estava quebrada.

        - Senhor, mapeamos algumas rotas que ele pode usar. - olhe, ele está com uma ambulância, e todas da cidade estão aqui.

       - ela acabou de fazer uma cirurgia de grande porte!

        - ele não tem intenção de matá-la... ele deve estar com um avião UTI. Senhor, há apenas duas pistas das quais ele pode decolar.

       - como você sabe? - faço um sinal de que não precisa responder. Ele fez o trabalho dele e mapeou eventuais emergências. E concordo com ele, se ele quisesse matá-la, era só deixa-la exatamente aonde ela estava. A bomba destruiu o andar inteiro.

Eu te faço livreOnde histórias criam vida. Descubra agora