Imprevisto

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- Alto lá! Onde pensas que vai, senhor? - a voz jovial soou autoritária fazendo com que Levi virasse a cabeça vagarosamente para encarar o garoto irritado e de braços cruzados atrás de si.

- Está frio, não? Vou apanhar lenha para a lareira... - murmurou em resposta vendo Eren acenar negativamente com a cabeça.

- Volte para a cama. Tuas feridas ainda estão curando - ditou empurrando o hibrido para longe da porta, este que apenas deu de ombros em desistência e se deixou ser guiado.

A quantos dias estavam nessa dinâmica? Ele não sabia dizer. No inicio permanecera na cabana por curiosidade a cerca daquele garoto tão insolente e gentil, porém a cada nascer e pôr do Sol aquele sentimento estranho em seu peito crescia e Levi passava a ter cada vez mais vontade de estar perto e conhecer mais dele:

- Estou cansado de repousar o tempo todo. Quero ser útil. Estou ferido, não inválido.

- Meu pai costuma dizer, "os mais uteis são aqueles que não atrapalham". -retrucou selecionando alguns punhados de ervas para fazer um creme para pele- Se quer ser útil, não se force. Será problemático se eu tiver de atrasar alguma encomenda para cuidar de uma ferida tua que tenha reaberto por esforço.

- Tu és um pirralho deveras desagradável e de língua afiada - resmungou cruzando os braços.

- Não sou pirralho. -respondeu sorrindo ternamente sem o encarar- Aliás, quantos anos tens para me chamar dessa forma?

- Eu na verdade não sei... Foram anos demais para que eu pudesse contar.

- De verdade? -surpreendeu-se parando de pressionar as ervas no pequeno pilão de pedra que tinha em mãos- Parece ser tão jovem...

- O tempo para mim é diferente do tempo para vocês.

- Entendi... -pronunciou pensativo dando de ombros em seguida- Senhor chifres, já que queres ser util, poderia me entregar um punhado de anis-verde?

- Como é? - Arqueou a sobrancelha em descrédito.

- aquelas ervas do saco grande da ultima prateleira de cima - o garoto apontou sem o encarar, concentrado demais em pressionar suas ervas.

- Eu sei o que é anis-verde, quero saber de onde tiraste "senhor chifres".

- Bom, não me disseste teu nome então estou improvisando. Vais apanhar o saco por mim ou não? Não quero ter de ir buscar a escada apenas por isso.

- Pirralho abusado... - murmurou sorrindo de lado e esticando-se para pegar o saco. 

- Não sou pirralho, já disse. Agora se apresse, senhor chifres, preciso levar essa encomenda até a vila ainda hoje.

- Poderia parar com esse apelido? É estranho - pediu estendendo o que o garoto pedira sobre a mesa de centro onde diversos livros e pergaminhos estavam espalhados com receitas antigas de medicamentos ao quais ele espiou discretamente.

- Se não quer que te trate por apelidos estranhos então diga-me o teu nome que te chamarei por ele - disse simplesmente enquanto selecionava as ervas que trituraria e então um silencio incomodo se fez presente por longos minutos.

- Levi - o hibrido murmurou por fim.

- Levi... -o garoto repetiu lentamente testando a forma como soava- É um nome deveras bonito... E forte também – sorriu ao concluir.

- Forte? – questionou curioso vendo-o acenar em afirmativa.

- Minha mãe costumava dizer... "Os nomes tem poder, trazem bênçãos e maldições para aqueles que os tem." Teu nome significa união, és aquele que une... Seja lá quem o batizou com certeza espera grandes feitos de ti.

The boy and the demonOnde histórias criam vida. Descubra agora