The boy and the demon

Guiados pelas asas

semanas se passaram entre trilhas erradas, inconsistências no mapa e acidentes pelo caminho até que o grupo finalmente encontrasse aquele que deveria ser o rio que precisavam seguir para chegar ao seu destino.

Levi ainda carregava o amante nas costas quando sua doença o impedia de seguir e mesmo entre resmungos e reclamações, Jean manteve-se fiel a sua tarefa sempre bastante prestativo. Ele e Armin ainda mantinham certa distancia que deixava o de olhos verdes um tanto entristecido, afinal, mesmo dizendo ser totalmente contra sodomia, a verdade era que o de cabelos bicoloridos já a algum tempo demonstrava sinais de uma possível paixão pelo loirinho.

"Pode abominar como quiser, mas no fim eu reconheço esse sentimento que leva nos olhos, mesmo que mesclado com a tristeza e raiva. Ainda ouso dizer que até mesmo Armin está nutrindo algo parecido sem se dar conta disso... Espero que resolvam-se logo... Seria triste se aquele que me ajudou a aceitar meus próprios sentimentos sofresse por um amor não correspondido por conta de pensamentos restritivos..."

Mais algumas horas de caminhada pela margem se seguiram antes do hibrido fazer gesto para que parassem e ficassem atentos aos ruídos, havia algo de estranho ali:

- Ouviram isso? - a pergunta veio baixa da parte do de olhos amêndoa.

- São passos... Não estamos sozinhos... - Levi respondeu fazendo o moreno em suas costas estremecer abraçando seu  pescoço fortemente.

Rapidamente os quatro pares de olhos se puseram a vasculhar todo o ambiente e quando um movimento suspeito entre as folhas chamou a atenção do de cabelos negros ele sequer teve tempo de pronunciar algo antes de ter a pele do rosto rasgada pela ponta de uma flecha feita de madeira e ossos lascados:

- Corram! - o grito veio de Armin que não perdeu tempo em agarrar o pulso de Jean que se mantinha estático, como se seu cérebro ainda não tivesse compreendido que estavam sendo atacados.

Não fazia sentido, de acordo com o mapa não deveria haver nenhuma tribo por aquela área o que significava que, ou algum povo migrara para lá nos últimos anos, ou estavam novamente seguindo o caminho errado, mas não havia tempo para pensar sobre isso, principalmente pelo fato de uma das flechas ter atingido a perna do de olhos azuis que ainda assim não parou de correr, a pesar de diminuir o ritmo dos passos:

- Armin! - Jean chamou recebendo a atenção do pequeno que se assustou ao ser içado pelos braços do mais velho.

em meio a corrida desenfreada as duplas se separaram e, enquanto o meio demônio alçava voo em busca de uma visão privilegiada da área, o de olhos amêndoa desequilibrou-se com outra flechada e caiu na agua sendo levado com o loiro pela correnteza rio abaixo. Ainda tentou nadar ou agarrar-se em algo, mas o peso do menino que tentava manter na superfície, somado com os contínuos impactos contra pedras e o engolir de cada vez mais agua fez com que seus olhos turvassem levando sua consciência de tal forma que só voltou a si quando sentiu a terra sob suas costas, a pressão de algo contra seu peito e o toque bruto de lábios macios forçando ar para dentro se deus pulmões de forma desesperada.

A tosse convulsiva veio em seguida, expulsando a agua que o sufocava; mãos tremulas viraram seu rosto de lado para que não se engasgasse e, mesmo com a visão turva, conseguiu identificar os fios dourados da pessoa sobre si, assim como as gotas salgadas que precipitavam em seu rosto.

Armin estava chorando por sua causa?

Afastou o garoto cuidadosamente para sentar-se finalmente conseguindo focar a visão e escutar com mais clareza os sons que o cercavam, o bater das folhas com o vento, a agua correndo violenta e os soluços assustados do menino sentado sobre suas pernas:

- Pensei que tivesse morrido. Idiota! - ele esbravejou em meio as lagrimas, socando o peito do rapaz que apenas acariciou seus cabelos molhados.

- Quando caímos no rio tive medo de que tu te afogasses... -suspirou abraçando o garoto com os olhos fechados- Que bom... Que bom que está bem...