Com os pés nas novas terras.

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A chegada ao continente havia sido anunciada e assim que alcançaram uma profundidade razoável a ancora foi lançada. Marujos corriam de um lado para o outro, baixando os botes já carregados de pessoas e equipamentos para que parte dor tripulantes fosse até a praia:

- Ei Armin, você não acha a relação entre o Eren e o Levi um tantinho incomum? -a voz de Jean soava baixa ao garoto, sobreposta com as lembranças de Mikasa dizendo exatamente as mesmas palavras e quando deu por si estava sendo chacoalhado por dispersar em pensamentos por tempo demais- Armin... Ei, Armin! Está ouvindo?

- Hum? Perdão, eu estava distraído - murmurou voltando a remar sob o olhar atento do "capitão" que se encontrava em pé naquele pequeno bote em que embarcada.

-Eu perguntei se você não acha a relação do Eren e do Levi estranha. -repetiu pensativo, já havia algum tempo que refletia sobre a proximidade dos amigos e desde que os flagrou dormindo aconchegados um no outro na carruagem sem que o hibrido sequer precisasse disso sua curiosidade se tornara mais atiçada- O Levi estava no cesto essa noite e quando ele anunciou terra à vista o Eren não estava no dormitório. Logo depois eu os vi nos braços um do outro voando até a proa e ajudando a carregar os botes.

- Talvez Eren tenha acordado antes do amanhecer ou simplesmente decidiu passar a noite acompanhando o Levi - a resposta veio tão baixa quanto a pergunta, não queria chamar a atenção dos outros marujos para a conversa.

- Não é suspeito para ti que dois rapazes sejam tão próximos assim? - o germânico insistiu. Sentia que havia algo muito importante que estava deixando passar e sua intuição dizia que o loiro diante de si tinha a resposta que procurava.

- Você acha suspeito? Eles sempre foram assim desde que os conheci então não vejo nada de mais. -tentou justificar, reduzindo ainda mais o tom da voz ao notar que era observado- O Eren salvou a vida do Levi e agora está doente, dependente de cuidado constante, então me parece natural que Levi queira retribuir o gesto e fiquem cada vez mais unidos com isso.

- Não sei não... Sinto que... Que estão escondendo algo... - as palavras fizeram Armin morder o lábio, mas quando estava prestes a dizer algo, Nie intrometeu-se no diálogo.

- E por acaso agora todos são obrigados a ser completamente sinceros sobre tudo com os outros? -pronunciou num tom áspero- As pessoas tem segredos, todos tem direito a manter uma ou outra coisa em privado e desde que não estejam prejudicando ninguém o que escondem ou deixam de esconder não te diz respeito, pirralho. -o olhar gélido e repreensivo fez com que Jean se encolhesse e Armin suspirasse- Agora remem! Se movessem os braços como movem as línguas já estaríamos em terra firme há tempos!

- S-sim senhor, perdão - a resposta gaguejada do mais velho fez com que Armin contivesse uma risada. Não entendia como o amigo poderia ficar tão apavorado com alguém tão pequeno e, sinceramente, adorável.

Nie não era lá o melhor exemplo de homem másculo e amedrontador. Era baixo e magro, aparentava bastante jovem, até mesmo um tanto afeminado e, embora já tivesse provado diversas vezes que o titulo de capitão não era apenas um enfeite e que era merecedor daquele status, o loiro não conseguia deixar de pensar nele como alguém gentil e nada assustador como o de cabelos bicolores fazia parecer.

Sacudindo a cabeça para afastar os pensamentos distrativos, focou-se em remar mais avidamente até que as próprias ondas começassem a guiar o barco para a areia onde, após descarregar tudo o que levavam, montaram a tenda em que o Capitão, o navegador e o imediato ficariam alojados:

- Levi, venha aqui, vamos dar uma olhada nos mapas! - Nie chamou ao ver o hibrido pousar na areia com o amado nos braços.

- Certo, estou indo! -gritou antes de depositar um selar singelo na testa do moreno- Não vá muito longe. Se acontecer qualquer coisa, basta gritar que irei até ti imediatamente.

The boy and the demonOnde histórias criam vida. Descubra agora