The boy and the demon

Sem arrependimentos

Quem aqui notou que na quinta eu publiquei um capitulo por acidente? Estava eu escrevendo o rascunho do capitulo 46 durante meu intervalo do almoço e apertei "publicar" em vez de "salvar". Imaginem o meu desespero? Felizmente consegui apagar antes de vocês lerem um spoiler pesadíssimo do arco final da historia, foi mal, pessoal. Em fim, finjam que nada aconteceu e segue o baile ^^'

Os dias a bordo foram em sua maioria tranquilos, Hitch inesperadamente acabou se aproximando muito de Annie, ou capitão Nie para a maioria. A loira de olhos azuis gélidos havia simpatizado muito com a garota a ponto de esvaziar a dispensa para montar, a pedido dela, um quarto privativo em que a jovem e sua mãe pudessem dormir.

Os boatos rolavam soltos entre a tripulação, sobre como o sempre antipático e desinteressado capitão tivera seu frio coração aquecido pela jovem nobre de cabelos entre o loiro e o cinzento; haviam murmúrios por toda parte insinuando que tivesse segundas, até terceiras intenções com a garota  para quem sempre tirava um tempo de seu dia e embora estivesse ciente de como todos viam aquilo, Annie não podia se importar menos com isso.

Sim, ela gostava de Hitch. Gostava da alegria inocente que surgia em seus olhos quando não estava sofrendo pelas pessoas que havia perdido. Queria ser responsável, mesmo que um pouco, por fazer surgir aquele sorriso tão radiante que só ela tinha e que parecia limpar um pouco das sombras que a cercavam e aliviar a dor que carregava em seu peito por todas as coisas terríveis que vivenciou.

Da parte da garota de aproximadamente quinze anos, no entanto, seu tempo com o capitão era como uma recordação boa dos dias felizes com seu falecido noivo onde ele lhe contava suas aventuras e prometia viajar com ela um dia; era um momento de ouvir histórias, aprender coisas novas e viajar pela própria imaginação ignorando, ou muitas vezes revidando, todas as piadas e provocações que ouvia relacionadas a sua posição social como filha da Baronesa assim como o título que um dia herdaria.

Apelidos como princesa, pimentinha e pequeno golfinho eram recorrentes e variavam de acordo com a percepção do capitão sobre seu humor no dia e embora muitas vezes irritante ela jamais admitiria que, no fundo, até tinha certo apreço por aquilo. Estava sendo uma viagem divertida para ela e sua amada mãe para quem sempre transmitia tudo o que aprendia. 

Já para o chamado grupo de Tréveris aquela viagem de retorno só poderia ser descrita como desconfortável e, de certa forma, angustiante.

Jean e Armin estavam em um clima estranho desde a confissão do loirinho uma vez que o garoto tentava remediar a situação de sua amizade abalada enquanto o bicolorido esforçava-se ao máximo para o evitar, enterrar seus sentimentos conflituosos e seguir ignorando aquilo até desaparecer, sendo ao mesmo tempo perseguido incessantemente por Hanji que dividia sua atenção em importunar o aprendiz do noivo e incomodar Levi, esse que lamentava a falta de tempo e espaço para estar com o marido que parecia mais distante em seus próprios pensamentos a cada dia.

Eren estava aflito, ainda não sabia ao certo como lidar com o pai ou como contar-lhe sobre sua doença; depois de tantos anos sem vê-lo eram quase como estranhos agora e embora notasse o empenho do mais velho em se reaproximar dele não sabia como corresponder a isso:

- Eren, ajude o Grisha com as redes - Annie ordenou fazendo com que abandonasse sua atual tarefa de limpar o deque.

"Talvez eu devesse tentar falar com ele... Mas seria estranho, certo? Dizer que estou morrendo enquanto desembaraçados as redes... Não sei se esse é o melhor momento."

- Tudo bem, filho? Parece pensativo.

- Estou bem... - respondeu tomando um gole da poção que já estava pela metade. O pote de Bilagaana não era muito grande, mas por sorte não precisava de muito do líquido por dia para manter-se livre dos sintomas, sem contar as vezes em que simplesmente não precisava tomar nada para permanecer bem o dia inteiro.