O certo a se fazer

49 11 12
                                    

Estava fazendo o certo, não é? Era lógico e matematicamente vantajoso. Animais eram sacrificados o tempo todo para alimentação e mesmo as pessoas mais sensíveis eram capazes de tolerar tal situação ao justifica-la como "por um bem maior". Matar sempre foi algo necessário para a sobrevivência da raça humana e aquilo não era diferente...

Duas vidas perdidas para produzir um elixir capaz de salvar centenas de pessoas... Era um sacrifício necessário por um bem maior, certo? Não era um absurdo...

Então por que motivo Eren o encarou com tanta repulsa naquele momento? Era a pergunta que Erwin se fazia já de volta ao seu quarto com Gabi adormecida ao seu lado após beber uma infusão sonífera de ervas. Não queria ter de explicar tudo para a menina, afinal, sabia que ela não aceitaria bem tanto quanto não aceitou deixar Levi e seu marido na cela. Ela era como Eren; teimosa, espirituosa, determinada... Era uma menina com muita convicção e naquele momento ele não tinha forças para lidar com ela.

Levi, por outro lado, parecia bem mais maleável com as palavras que ouvira, talvez por aceitar que aquela era uma situação onde a moralidade se subjugava ao bem maior, ou apenas por estar desesperado para salvar o marido mesmo que isso lhe custasse outras vidas. Sendo um ou outro, o importante era que o hibrido não o encarava com tanto julgamento quanto o rapaz de olhos verdes vividos e isso, de certa forma, o acalmava. Fazia-o pensar que era compreendido o que lhe dava forças para seguir em frente, mesmo que para cometer um assassinato.

"Tudo por um bem maior.... Apenas isso..." Repetia mentalmente mordendo o lábio apreensivo enquanto encarava os papéis sobre sua mesa.

Rod havia lhe entregado suas anotações  sobre a pedra filosofal e o passo a passo de como fazê-la; disse que podia confiar nele agora e que queria que soubesse de todos os detalhes antes de o auxiliar no procedimento. Sinceramente, não sabia se queria realmente ler aquilo, tampouco participar, mas não haviam outras opções então teria de mergulhar de cabeça agora que, para todos os efeitos, decidiu apoiar o lorde em suas atividades moralmente questionáveis, porém com resultados extremamente benéficos para toda a sociedade.

Estava terminando de ler a primeira metade das páginas do pequeno caderno que tinha em mãos quando ouviu batidas na porta do quarto e, ao autorizar a entrada de quem quer que fosse, surpreendeu-se ao vislumbrar o nobre que surgiu cumprimentando-o com um sorriso pequeno e olhar cabisbaixo:

- Parece que minha doce Historia ainda está irritada... - ele soprou coçando a cabeça e aceitando o convite mudo do loiro para se sentar.

- Estava falando com sua filha até agora? - a questão soou incrédula. Faziam horas que haviam deixado as masmorras com o homem diante de si dizendo que tentaria conversar com a filha e suas damas de companhia uma vez que mandara os guardas procurarem por Mina para também prende-la no quarto, evitando assim  que a mesma soltasse as outras por suas costas.

- Eu queria que ela fosse capaz de entender... Que compreendesse que tudo o que faço é por uma boa causa... Afinal tudo isso começou porque eu queria salva-la...

- Eu entendo o motivo de desejar a aceitação de tua filha, mas não compreendo por que insistiu tanto em convencer-me a mim, Levi e Eren também. Está certo que os dois pretendiam denunciar-te, mas com tua influência, escaparia facilmente.

- Sinceramente? Realmente desejo ser compreendido e me alegra que tu sejas uma dessas pessoas, mas ainda há algo mais... Fiz uma promessa que preciso cumprir e ela envolve ajudar Levi a conseguir o que esteve buscando todo esse tempo.

- Como assim? -a confusão estampou-se nos olhos azuis- Que tipo de promessa é essa? Tens algum envolvimento com o Levi que não me contou?

- Na verdade é algo em que prefiro não te envolver... -divagou por um momento logo voltando ao sorriso simpático de sempre- Eu vou sair por um momento para cuidar dos preparativos para o festival de outono que acontecerá em breve, mas pode ficar à vontade e ir até a sala onde faremos a transmutação se quiser. -estendeu a chave dourada ao homem que a aceitou relutantemente- Vamos trabalhar juntos então nada mais justo do que tu conhecer o local, certo?

The boy and the demonOnde histórias criam vida. Descubra agora