Epílogo

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Não, eu não estou repostando o final. Acontece que eu estava revisando o cap e decidi fazer uma pequenas alterações, daí dividi o epílogo, pois estava muito longo.

***

- Já faz muito tempo, Eren... - Levi sussurrou desfazendo-se de sua casca humana e ajoelhando-se em frente a lápide de pedra.

O túmulo muito bem cuidado encontrava-se no topo de uma montanha logo ao lado do da mãe que, por conta de sua doença na época misteriosa, havia sido enterrada fora do cemitério para evitar que contaminasse alguém.

Estendendo a mão para tocar a lápide ele a acariciou suavemente antes de começar limpar a neve que a cobria vagarosamente:

- Algo diferente aconteceu essa semana... Depois do festival que fazem para mim eu encontrei uma garota desmaiada na floresta... Os olhos dela são exatamente como os de Mikasa eram... Talvez sejam parentes? -sorriu com a ideia- Vi um dos descendentes do teu irmão caçula também, acho que era namorado dela... Ele se parece muito com você... -deixou o sorriso morrer por um momento, mas logo recompôs-se- Eu fui até a vila hoje depois de muito tempo. Ela está bem diferente e as pessoas mudaram também, mas ainda vejo rostos que me lembram dos nossos amigos então meio que é reconfortante de algum jeito...

Olhando para o céu observando as nuvens que moviam-se como rios esbranquiçados o hibrido deixou uma lagrima escorrer. Sentia falta dele. Sentia todos os dias dos últimos 600 anos e tinha certeza que continuaria sentindo mesmo quando se passassem mais 600, mas agora estava decidido a não deixar mais sua vida ser ditada por esse sentimento.

"Eu envelheci um pouco nesse tempo, não muito, mas acho que como um humano eu teria o rosto de um jovem adulto... Será que ele gostaria do rosto que tenho agora?" Perguntava a si mesmo. "Claro que gostaria. Ele amou-me por inteiro, da ponta dos chifres até as unhas dos pés" Sorriu mínimo voltando a encarar a lápide.

Não sabia bem o que falar ou fazer.
Havia ido até ali por um motivo, mas agora a coragem de o pronunciar parecia desvanecer; mesmo assim, queria dizer ao marido as coisas que esteve pensando desde sua conversa com Zofia ainda que não soubesse se ele iria de fato escuta-lo de onde quer que estivesse.

Mantendo-se em silencio por um momento, sua mente vagou para os acontecimentos recentes e então uma memória sobressaltou-se de todo o resto, um burburinho que havia visto na cidade mais cedo e que o fez conter o riso ao concluir que, mesmo depois de tanto tempo, a filha ainda conseguia marcar sua presença:

- Tenho que dizer... Mesmo depois de morta a nossa menina ainda abala as estruturas da sociedade. -riu consigo mesmo- Não bastasse ter sido ela a sustentar a casa enquanto Falco cuidava das crianças, agora parece que um de seus descendentes decidiu publicar algumas páginas do diário dela... Páginas sobre nós... -suspirou audivelmente- O mundo sabe que éramos amantes e muitos não estão contentes. Estão protestando em frente a livraria para tirar o livro de circulação... Infelizmente, mesmo depois de tanto tempo, alguns preconceitos continuam os mesmos... - lamentou guardando silencio por um longo tempo antes de respirar fundo e deitar-se na neve ao lado da lapide.

Os olhos se mantiveram focados no céu nublado enquanto milhares de coisas passavam em sua cabeça. As lembranças do seu tempo com o marido, o dia em que usou seu dom para mover as pedras de um terremoto e isolar sua casa do resto do vilarejo transformando-a em um santuário solitário para a vida que tinha perdido e o fato de ter voltado a ter contato com seres humanos depois de tanto tempo.

The boy and the demonOnde histórias criam vida. Descubra agora