O que fazer?

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A carruagem agora estava escondida sob galhos e folhas, o cavalo solto e pastando como se não pertencesse a lugar nenhum e os olhares atentos a quaisquer movimentos que viessem na direção deles enquanto comiam em silencio e no escuro pois não podiam ascender uma fogueira sob o risco de denunciarem sua posição para o povo das cidades próximas e soldados da igreja. Grisha e Hanji haviam explicado para os recém chegados a situação em que estavam e em retribuição ouviram de Erwin e Eren os detalhes sobre o que tinha acontecido na cidade de Provins e o motivo de terem voltado antes do planejado.

Foi um choque, principalmente para o Jaeger mais velho saber que não só seu filho não seria curado, como o ingrediente final que tanto buscavam era algo tão profano a ponto do rapaz escolher morrer para não usa-lo; conseguia entende-lo, é claro, mas mesmo assim não podia deixar de sentir-se triste e abalado tanto com a noticia com a qual o jovem já parecia conformado, como com as lagrimas de Armin que precisou ser amparado com um abraço do namorado:

- Isso é terrível... -a mulher de óculos com o pássaro na cabeça comentou chateada- O que vocês farão agora que a possibilidade de curar o Eren com o elixir foi descartada? - pronunciou deixando no ar a questão que todos estavam tentando evitar, não por não desejar encontrar uma solução, mas por não se sentirem prontos para encarar a ferida que havia entre eles graças a aquele fracasso.

Eren e Erwin estavam em um clima estranho por conta do breve período em que o loiro havia mudado de lado mesmo que tivesse se arrependido mais tarde, Gabi parecia tensa por não conseguir compreender tudo enquanto Levi esteve por toda a viagem tentando se esquecer que havia falhado em salvar o amado, algo impossível de se fazer, mas ao menos podia tentar focar-se para encontrar formas de contornar aquele desastre.

Poderiam passar a viver na tribo de Dinétah como Eren já havia sugerido em um momento passado? Quão difícil seria conseguir tal feito agora, sem o apoio do lorde que financiava Annie e as navegações exploratórias do Löwenherz? Sua amizade com a loira travestida seria o suficiente para que ela arriscasse despertar a ira de um de seus empregadores para o ajudar? Eram muitas perguntas sem respostas e ele ainda tinha um último recurso em sua mente que queria apresentar embora soubesse que o marido se negaria a usar, mas quando pensou em abrir a boca para dizer algo, surpreendeu-se ao ouvir a voz tremula do moreno de olhos verdes soar falha:

- Sinceramente eu só... Eu só quero voltar para casa...

- Eren... - clamou num misto de incredulidade e chateação enquanto abraçava o marido de olhos lacrimejantes. Ele havia se feito de forte por muito tempo e agora que era obrigado a encarar aquilo de frente finalmente sentia seu emocional desabar.

- Não há nada mais a se fazer e eu não quero que todos gastem seu tempo procurando uma cura que desde o início eu sabia que não iriamos encontrar... -enxugou as lagrimas entre fungadas e soluços- Me desculpem... Não sei o que tinha em minha cabeça para criar esperanças, mas... Eu... Eu só quero estar num lugar de que gosto, com pessoas de quem gosto até o final...

- Podemos ir para Dinétah - o hibrido verbalizou seus pensamentos anteriores vendo-o acenar a cabeça em negativa.

- Não... Não, você estava certo. -fungou mais uma vez abanando a cabeça enquanto sentia o corpo de Armin se aproximar do seu- Não adianta ir até lá para viver mais se for para viver uma mentira. -olhou-o nos olhos com pesar- Eu quero ser eu mesmo até o final, quero que tu possas ser tu mesmo e quero que meu corpo descanse no mesmo lugar onde o de minha mãe descansa. Por favor, Levi...

- Acho que vocês precisam de um tempo para conversar sobre isso adequadamente... - Erwin murmurou se afastando do casal e seguindo mais para dentro do aglomerado de árvores com a companhia de Jean que havia lhe feito um sinal para que conversassem a sós.

The boy and the demonOnde histórias criam vida. Descubra agora