Insegurança

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Algumas semanas se passaram desde a chegada à casa do alquimista e entre conversas, estudos e convívios, britânicos e germânicos acabaram por criar laços de respeito e amizade genuínos.

Estavam organizando-se para sair, carregando caixas e mais caixas para dentro da carroceria de carga da carruagem que Erwin providenciara enquanto Jean, agora muito mais familiarizado com o Levi, acariciava as penas de Marco e verificava a lista de viagem que fizera especialmente para aquela jornada:

- Temos suprimentos suficientes? E roupas? O mapa está na carruagem?

- Sim, sim e sim. Não se preocupe tanto - Armin tranquilizou. O nervosismo do rapaz era palpável e embora os amigos estivessem relativamente indiferentes à ansiedade do novo acompanhante, ele não podia deixar de considerar aquela preocupação adorável e querer acalma-lo.

- Nós vamos cruzar o oceano em direção à terras praticamente desconhecidas numa viajem lenta e perigosa da qual diversos navios nunca retornaram, entre eles aquele onde o pai do teu amigo estava. Não me peça para ficar calmo! - puxou os próprios cabelos.

- Tsc, pare de reclamar. Se não quer vir, não venha. Eu vou fazer isso nem que seja sozinho - o hibrido reclamou logo tendo a mão de Eren entrelaçada a sua, fazendo com que os olhos cinzentos se focassem nos esverdeados que o olhavam com ternura, uma mensagem muda para que não se irritasse com os "dramas" do novo amigo.

- Já estão de partida? -a voz do loiro mais velho forçou as mãos a afastarem-se, mas não rápido o suficiente para escapar do olhar azul e analítico- O que estavam fazendo?

- Absolutamente nada -o moreno tentou desconversar- Vamos indo, senhores. Temos de chegar ao porto, de preferência antes de eu morrer - brincou recorrendo ao apoio do amante para subir no veículo. Os movimentos, por mais simples que fossem, tornavam-se cada vez mais difíceis de ser executados com o avançar da doença.

- Não fale assim, Eren. Tenha um pouco mais de fé em nós... -aproximou-se um pouco mais do rapaz sentado no interior da carruagem para sussurrar- Tenha um pouco mais de fé em mim.

- Eu amo-te... -Pronunciou no mesmo tom baixo, aproveitando-se da cortina vinho que obscurecia a janela para roubar um beijo rápido do hibrido, algo que ha dias não fazia com a frequência que queria pelo receio de serem flagrados- Obrigado por lutar por mim...

- Obrigado por lutar comigo... -sorriu mínimo sentando-se ao lado do rapaz a uma distancia segura para não levantar suspeitas- Também te amo, meu menino de olhos esmeralda.

- Uma ajudinha? -Armin estendeu a mão recebendo também um apoio de Levi para subir sem maiores problemas- Obrigado.

Ainda permaneceram conversando e trocando informações por mais algum tempo até que por fim a porta foi fechada e Jean assumiu as rédeas para que partissem. Nesse momento Eren suspirou em alivio, saltando para o colo do amante e aconchegando-se ali com um sorriso bobo pelo corar no rosto do outro, mesmo que o seu próprio não estivesse muito diferente:

- O que está fazendo? -Levi sussurrou intercalando o olhar entre um Armin risonho e a pequena abertura que lhe permitia ver a nuca do Kirstein- Seu inconsciente, o cara de cavalo está logo ali. Basta que se vire um pouco e te verás assim comigo. Como explicaríamos isso? - tentou repreender sem realmente afastar o moreno.

- Sinto falta de estar em teus braços... Deixa-me ficar assim um pouquinho.

- Tsc, tudo bem, mas só um pouco, pirralho - sorriu mínimo envolvendo os braços ao redor da cintura do garoto que apenas enfiou mais o rosto contra seu pescoço inspirando o perfume de sua pele antes de fechar os olhos.

"Só um pouco" foi o que ele disse, mas após ver como o de olhos verdes dormia tranquilamente recostado a si, acabou por perder a coragem de o afastar e mesmo que o sono não lhe fosse uma necessidade, mas uma forma de economizar energia para regenerar ferimentos, acabou por se deixar levar naquele momento.

The boy and the demonOnde histórias criam vida. Descubra agora