Como o Sol

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- Estou dizendo, tenho certeza de que vi um movimento naquelas pedras - Eren comentou apreensivo enquanto tirava as escamas de alguns peixes que Levi lhe entregava conforme conseguia capturar com sua lança improvisada.

- Posso verificar depois de montar a barraca se te deixa mais tranquilo, olhos esmeralda, mas não penso que haja alguém por essa area. O mais provável é que seja algum animal.

- Armin foi para aquele lado se banhar... Talvez seja melhor eu ir atrás dele por precaução - Jean se prontificou terminando de encher o cantil de agua.

- Por favor, veja como ele está, estou preocupado. Eu me odiaria se algo acontecesse com ele nessa jornada - o de olhos verdes pediu ao rapaz que agarrou a espada embainhada, prendendo na cintura antes de levantar.

- Tranquilo, "olhos esmeralda". Vou ao resgate do teu amiguinho afeminado - Ele respondeu sarcástico.

- Ele não é afeminado, só não se desenvolveu ainda. -gesticulou com as mãos fazendo uma menção muda a baixa estatura e falta de músculos do amigo- E pare de fazer piada do modo como Levi me chama!

- É ridículo.

- É adorável - o garoto retrucou irritado.

- E tu gostas? Credo! -caçoou com uma falsa expressão de nojo- São tão melosos que me deixam enjoado.

- Tua cara me deixa enjoado! - praticamente rosnou, logo recebendo uma caricia do namorado.

- Ignora, Eren. Sabes que o passatempo dele é provocar-te. - o mais velho aproximou-se mais do ouvido do amante para sussurrar- Deixa de segura-lo aqui com essa troca infrutífera de palavras para que possamos ter um tempo a dois... Já faz um tempo que não toco teus lábios... - pronunciou fazendo o moreno corar completamente de forma adorável enquanto Jean forçava sons de vômito com uma careta enjoada.

"Isso é bom..." Eren pensava "Mesmo com essas provocações, a verdade é que, no fundo, está começando a aceitar-nos. Pode não parecer muito agora, mas no fim esse é um importante primeiro passo para aceitar a si mesmo e, talvez, se eu estiver mesmo certo, se permitir amar o Armin..." Olhou para o bicolorido deixando que o namorado o abraçasse.

Ao notar que os amantes estavam para beijar-se o rapaz deu-lhes as costas seguindo rumo as pedras e arvores cinzentas na outra ponta do lago, havia uma espécie de gruta naquela area onde a agua formava um lago menor perfeito para um banho reservado e era ali que o menino de cabelos loiros disse que iria estar:

- Aqueles dois fazendo-se de pombinhos apaixonados são tão desagradáveis... Agora que descobri sobre eles sou obrigado a ficar presenciando esse romance insuportável. Não conhecem os conceitos de discrição e privacidade? - resmungava consigo mesmo enquanto caminhava, parando por alguns momentos ao sentir-se observado.

"Estou imaginando coisas?" olhou em volta antes de abanar a cabeça para afastar aquilo que pensava ser uma paranoia infundada.

Subindo por uma das rochas maiores entre as arvores, sentiu o rosto corar ao avistar a pessoa que procurava submergindo da agua com os olhos fechados. 

Encolheu-se instintivamente para não ser notado repreendendo-se mentalmente por agir de tal forma; sentia-se um pervertido espiando uma dama a se limpar, o que era no mínimo estranho já que a "dama" em questão era um rapaz. 

O loiro estava pálido pelo clima fresco que marcava o fim do inverno e início da primavera, repleto de pequenas escoriações que já cicatrizavam e quando puxou os cabelos para o lado na intenção de lava-los acabou por deixar visível uma cicatriz grande e bem marcada na lateral de seu pescoço, bem semelhante ao corte de uma faca.

The boy and the demonOnde histórias criam vida. Descubra agora