The boy and the demon

Primavera efêmera

Os dias se seguiram rapidamente desde a cura da doença do senhor Arlert e entre tratamentos e momentos agradáveis, um mês completo se passara. 

Os pássaros cantavam alegremente entre os galhos repletos de folhas verdes e as flores que desabrochavam espalhavam o seu perfume, tanto pela clareira, quanto pela floresta, anunciando o início de uma primavera tardia, assim como a chegada do aniversário de quatorze anos de Eren que, naquele momento, estava dentro do riacho refrescando-se após colher algumas ervas com Levi. Aproveitava o momento também para verificar uma ultima vez cada uma das feridas perfeitamente cicatrizadas do mais velho que sorria despreocupado e um tanto quanto alegre pelo cuidado que recebia daquele que aprendera a chamar de amigo durante todo aquele tempo vivendo juntos:

- Eu disse-te, Eren. Sem mais feridas. - afagou os cabelos castanhos sem notar o rubor que alcançava as bochechas do garoto um tanto mais baixo que si, algo cada vez mais recorrente a cada gesto de carinho que lhe direcionava sem pensar.

- É um milagre considerando o estado em que ficou quando ajudou o avô do Armin. Fiquei apavorado quando te encontrei ensanguentado no chão da cabana deles com a Mikasa usando partes da própria saia para tentar estancar os sangramentos. Tive de mentir aos pais dela dizendo que a garota me ajudou a arrastar um porco selvagem abatido! -exaltou-se causando risos no outro- Não ria! Eles pediram por um pedaço de carne e eu tive mesmo de matar um porco depois para manter a historia! -socou de leve o ombro do de cabelos negros com uma expressão irritada que logo suavizou- Tivemos um trabalho imenso para trazer-te de volta sem ser visto, até furtamos um cavalo que, por sorte, não deram falta antes de devolvermos pela madrugada... 

-Mas agora estou bem e não vou mais date trabalho - apertou o nariz do garoto.

- e os aldeãos já não te buscam na floresta, o que significa que está livre - ele sorriu minimamente acariciando o peitoral do hibrido sobre as cicatrizes e recostando a cabeça ali.

- Aposto que estava ansioso para livrar-se de mim - o mais velho riu, estranhando como o rapaz se encolhia contra si.

- Estava ansioso para que se curasse... -corrigiu num tom triste- Tua partida é um ônus que eu não queria, mas sei que não tenho como impedir-te de ir.

- O que? O Levi vai embora? - A voz de Armin se fez ouvir, tão deprimida quanto a do moreno.

Desde o incidente com seu avô o garoto de cabelos dourados deixou os receios de lado e acabou por aprender a gostar de Levi, ajudando a esconde-lo e cuidando dele enquanto  estava inconsciente, tendo inclusive gasto algum do seu tempo a bordar capas combinando para ele e os amigos passarem mais despercebidos quando caminhassem pela floresta.

As peças de tecido verde escuro se camuflavam bem entre as folhagens e tinham ao meio das costas, bordado à mão em um tamanho considerável, a imagem do contorno de duas asas sobrepostas, uma negra e a outra branca, como uma pequena homenagem ao sangue mestiço do mais velho:

- Armin? O que faz aqui? - o moreno questionou envergonhado, afastando-se o mais rápido possível do corpo seminu do amigo que já ha algum tempo fazia seu coração bater mais rápido.

- Vim trazer alguns presentes do meu avô para o seu "anjo salvador" e escutei vossa conversa. Está mesmo pensando em partir, Levi?

- Gosto muito de ti, do Eren e da Mika, mas penso que meu lugar não é aqui. -apressou-se em explicar com o olhar baixo e nenhum sinal dos sorrisos de outrora- Com exceção do teu avô, o restante da vila não pensaria duas vezes em jogar agua benta em mim. Além disso, não quero que terminem como o Farlan que morreu apenas por querer proteger-me. Melhor seria para todos se eu partisse.

- O vovô, ficará extremamente triste... -o loiro choramingou fazendo biquinho- Não há nada que eu possa fazer que te faça mudar de ideia?

- Armin, eu... -os olhos cinzentos vagaram rapidamente até o moreno antes de baixarem contundentes- Sinto muito.