As cinzas de um sonho

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- Vais me dizer a verdade e dirá agora. Onde conseguiste essa poção? - Eren questionou visivelmente irritado. Uma de suas mãos estava na cintura enquanto a outra segurava um pequeno frasco com um líquido azul reluzente firmemente, quase esfregando-o no rosto do hibrido que recuava alguns passos com uma expressão ansiosa e culpada.


- Amor meu, isso é... - tentou remediar a situação e reaver o frasco, mas ele foi tirado de seu alcance pelo moreno que agora estava muito mais irritado.

- Levi... -pronunciou semicerrando os olhos em tom repreensivo- Se não me disser a verdade então jogarei isso fora - abriu a tampa inclinando o vidrinho até quase derramar e quando a primeira gota azul pingou sobre o solo, finalmente o mais velho se deu por vencido erguendo as mãos em rendição.

- Tudo bem! Eu falo!

- Pois pode começar - cruzou os braços impaciente batendo um dos pés no chão de terra onde estavam acampados.

Sua viagem estava perto do fim; haviam enviado uma carta com um mensageiro para Jean em uma das vilas em que pararam para que ele e todos que haviam ficado para trás pudessem se preparar e decidir o que fariam quando eles chegassem, algo que aconteceria em breve, diga-se de passagem; na verdade o grupo estipulava que demorariam apenas mais um ou dois dias para chegarem em Tréveris onde iriam reagrupar e discutir o que fazer a partir dali já que a viagem oara a França não havia dado os frutos esperados.

Eles haviam passado aquela noite num aglomerado de arvores nas margens de um pequeno riacho, Eren estava desmontando o acampamento e organizando as bolsas para partirem quando encontrou o frasco que despertou tanto sua curiosidade não apenas pela cor incomum de seu conteúdo, mas também porque estava visivelmente escondido entre algumas roupas de seu amado.

"Uma poção que vai me tornar humano" foi a resposta que recebeu de Levi quando o questionou sobre o assunto e imediatamente lembrou-se de quando Rod oferecera a eles aquele "milagre", milagre esse que precisava de uma pedra filosofal para ser concretizado e isso apenas o deixava mais indignado.

Já havia brigado com Erwin por roubar uma das pedras e agora teria de brigar com o marido por ter pego essa poção e escondido dele? Isso se ele tivesse mesmo pego a poção e não feito-a com a pedra roubada pelo alquimista sobrancelhudo que todos disseram-lhe ter se quebrado, mas como nunca chegou a ver os cacos, tinha suas dúvidas sobre esse fato.

"Se tiver usado uma pedra para fazer isso eu nunca irei perdoa-lo!" pensava aguardando uma explicação com o olhar afiado e logo ouviu um suspiro do hibrido que começou a falar acanhado:

- Ouça, não é o que está pensando. -apressou-se em justificar- Essa não é a poção que o lorde Reiss tentou me convencer a fazer. É diferente e tem efeito temporário também.

- E conseguiste como? - os olhos verdes estreitaram-se ainda mais analizabdo-o de cima a baixo.

- Eu... Achei na bolsa assim como a sua poção - deixou os ombros caírem em desistência. Não adiantava mentir sobre isso de qualquer forma.

- E como sabes o que é e como funciona?

- Tinha uma carta junto dela ensinando a utilizar e fazer mais também.

- E onde está a carta? - aproximou-se mais do mais velho tombando a cabeça para o lado ainda analizando-o em busca de qualquer sinal de que aquilo fosse uma mentira, mas não encontrou nada.

- Eu... queimei.

- Por que?

- Porque tu não podias ler - cruzou os braços desviando o olhar incomodado com tantas perguntas.

The boy and the demonOnde histórias criam vida. Descubra agora