Os demônios choram?

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Os olhos cinzentos abriram-se vagarosamente tentando identificar o ambiente ao redor logo notando que tratava-se do interior da cabana de Eren, mais especificamente a cama do moreno.

"O que...? como vim parar aqui?"  questionou a si mesma sentindo-se corar.

apertou os olhos pressionando a têmpora com os dedos ao sentir uma leve pontada na cabeça e então os flashes de memoria de momentos atrás lhe vieram a mente:

- O demônio... Armin!

- Oh! Já acordaste, Mika? - a voz de Eren chamou e logo a menina puxou os tecidos esverdeados que serviam como cortina para vislumbrar o garoto no andar inferior sorrindo para si, Armin sentado à mesa logo ao seu lado com uma xicara de algo que parecia ser chá e junto dele, compartilhando do liquido quente, estava aquela coisa:

- Demônio! - Exclamou assustada.

- Tsc, que barulhenta - o hibrido resmungou.

- Não seja mal educada, Mika. -o moreno repreendeu- Venha cá, eu fiz chá de camomila para tomarmos enquanto conversamos.

- M-mas...

- Fica descansada, pirralha. Não vou arrancar um pedaço de ti ou coisa assim, seu amigo está ao meu lado e está muito bem, vês? -sorriu ironicamente antes de retomar a expressão indiferente de sempre- Vá, venha logo. O chá vai esfriar.

Ainda assustada e tendo em mente todos os rumores sobre a morte de dois órfãos algumas semanas atrás, a menina negou-se incessantemente a obedecer. Foi com muita insistência e com Eren assegurando-lhe que nada de mal lhe aconteceria que a garotinha relutantemente desceu as escadas e sentou-se ao lado do amigo, esse que mantinha os olhos vidrados na chávena em suas mãos sem pronunciar uma única palavra:

- Armin, está bem? Aquela coisa não fez-te nada? 

- Não - o menino limitou-se a responder, estava pálido e tremulo de tal forma que o chá ondulava dentro da pequena xicara.

- Bem, primeiramente eu gostaria de desculpar-me convosco por esse mal entendido... -Eren pronunciou com um sorriso, chamando a atenção das duas crianças- Penso que começaram mal, mas esse mal humorado assustador aqui é meu amigo. 

- Levi - o hibrido murmurou numa espécie de apresentação mal feita.

- Quanta simpatia... Não dará nem um sorrisinho? -o de olhos verdes brincou cutucando a bochecha do outro que apenas grunhiu- Bem, eu estou cuidando do Levi por esses dias já que, como podem ver, os aldeãos aferiram-lhe um bocado... - intercalou o olhar entre as crianças e a criatura com um sorriso amarelo por ver como ainda estavam receosos.

- Tsc, perdoem-me... -o hibrido suspirou piscando os olhos algumas vezes para força-los a voltar a ter uma aparência normal- Não pensei que fossem se assustar tanto comigo. Quando vi que choravam e gritavam por ajuda entrei em pânico e os fiz adormecer... Perdão.

- C-como... Como fizeste isso? - o loiro questionou ainda desconfiado.

- É algo que os anjos podem fazer- Eren explicou no lugar do outro.

- Anjos? - os olhos cinzentos da menina fixaram-se no homem pálido com chifres e asas, piscando curiosamente.

- Ele é um anjo? Mas é muito feio! - apontou Armin.

- Feio és tu, cabelo de tigela - o hibrido ripostou recebendo um tapa na nuca da parte de Eren.

- Ouçam, houve um mal entendido na vila e agora os aldeãos pensão que o Levi é um cara mau, mas isso não é verdade - o moreno começou por dizer perante os olhares céticos e assustados das duas crianças.

The boy and the demonOnde histórias criam vida. Descubra agora