Verdade indigesta

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Eren estava em choque. Paralisado com sua descoberta.

As memórias de Erwin o ensinando o básico do que precisava saber sobre a fabricação do seu medicamento repetiam-se em sua mente. Ele sabia que a alquimia possuía diversas leis e, entre elas, estava aquela.

"Para se conseguir algo, é preciso oferecer algo de igual valor... Uma troca equivalente. Então para se fazer uma pedra filosofal é preciso sacrificar pessoas como ingredientes? Isso não a lei da equivalência, muito pelo contrario! As almas humanas são o mais alto dos preços a se pagar pelo meu medicamento!"

Suas mãos tremiam e suavam. Será que Erwin sabia daquilo?

Os olhos arregalados estavam vidrados na lápide onde o nome "Ymir" estava gravado e ao ouvir mais detalhes sobre como Rod abria o corpo de suas vítimas ainda vivas para inserir o cristal receptáculo ali dentro, logo seu pesadelo recente voltou a mente com a imagem de uma garota morena arrancando uma pedra filosofal de dentro do peito.

Era isso. Ele havia sonhado com ela.

A descrição batia com a que Historia tinha lhe dado e aquela garota loira... A jovem lady era idêntica a ela.

Como ele podia ter sonhado com as duas antes mesmo de as conhecer? Era a pergunta que rondava sua mente. Entretanto entre o sonho onde uma chave dourada materializou-se em sua mão quando acordou e esse mais recente, com certeza o ultimo era o menos estranho de se ter:

- Preciso contar ao Levi - apressou-se em dizer sendo impedido de correr dali por um aperto suave da loira em seu ombro, está que o encarava com uma determinação evidente.

- Espere, vou contigo. -ela pediu se pondo ao lado dele- Será mais credível se eu estiver lá também. Além disso, espero também poder contar com ele para impedir meu pai e vingar Ymir.

Os dois então foram juntos em direção a entrada do castelo seguindo para o quarto de Levi onde despertaram o hibrido que assustou-se um pouco com a presença da jovem, mas se recompôs rapidamente para ouvir o que ela e seu marido tinham a dizer.

A troca de palavras que se seguiu, a pesar de desagradavelmente descritiva e revoltante, não trouxe ao hibrido nenhuma grande surpresa. Ele já tinha vivido tempo o suficiente na terra para saber que humanos eram capazes das mais diversas atrocidades e, embora não imaginasse que Rod seria uma dessas pessoas de moralidade questionável, desde que encontrara aquele bilhete já havia começado a suspeitar que houvesse alguma sujeira escondida sob os luxuosos carpetes do castelo Reiss.... 

Claro, mesmo com tudo isso, não imaginava que essa sujeira estivesse relacionada a sacrifícios humanos com requintes de crueldade, afinal, abrir pessoas vivas, enfiar cristais dentro delas e fechar de volta, apenas para que, caso sobrevivam, sejam abertas novamente depois de uma semana e mortas durante um ritual sangrento era cruel e repugnante demais para sequer imaginar.

Enquanto isso, do outro lado do castelo, Rod questionava aos seus guardas o motivo de terem deixado seus postos na vigia da entrada das masmorras e, ao ouvi-los informar que aquelas tinham sido ordens da lady Reiss, sentiu um arrepio percorrer seu corpo e o pânico crescer.

Ela não teria feito aquilo, certo? Mesmo que aquela criatura que um dia conhecera camuflado sob uma pele humana lhe tivesse alertado sobre as movimentações dela, ainda se recusava a crer. Sua garotinha por quem sempre fez de tudo e mais um pouco não estaria trabalhando contra ele... Ou estaria?

Mordendo os lábios e, com os punhos fechados a ponto de cravar as unhas na carne, ele correu até o quarto da filha gritando por ela antes mesmo de abrir a porta, mas tudo que encontrou ali foi uma cama vazia sendo desorganizada por Hannah para que parecesse que alguém tinha dormido ali:

The boy and the demonOnde histórias criam vida. Descubra agora