Capítulo 36: Compensou quando você apareceu

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Pov Bianca

E lá estávamos nós, às margens do rio Sena, prestes a encarar de frente aquela imensidão que chamamos de museu. Eu estava nervosa, muito nervosa. Se eu sei o por que? Não. Zero noção. Mas também não é como se eu pudesse controlar meu corpo, emoções e reações, certo? Vamos aos detalhes... Estava ventando, o tempo friozinho que era comum já se fazia presente mais uma vez entre nós. Eu vestia o meu inseparável sobretudo, e posso dizer que Rafaella estava "combinando" comigo. Ainda estávamos a caminho do Louvre, afinal nosso meio de locomoção até lá eram os nossos pés. Nicholas estava quieto e isso me preocupava, pois tenho certeza que ele terá uma síncope de dúvidas quando chegarmos ao museu. Não é sempre que você fica de frente com as obras mais importantes da humanidade, certo? E não... eu não sei como agir com ela. Ainda. Mas notei durante esse dia que ela esteve constantemente em conflito com as coisas que eu falava, e darei toda a razão à ela. Eu ficaria receosa em seu lugar. Tenho que lidar com isso, eu criei tal situação.

Uma coisa está mais do que certa: entraremos pela pirâmide de vidro.

E, a partir daí, Rafaella começará a derreter por cada coisinha que passar diante de seus olhos. Quero que ela sinta o que eu senti pela primeira vez que estive aqui, um misto de sentimentos mas todos eles por uma única razão: sentir a euforia da história.

Não há arte no mundo que seja mais bela do que aquela que chamamos de história. Não há. A história abriga todo e qualquer tipo de arte da forma mais bela e genuína que existe. A história é a nossa maior arte, e o que mais amo são os mistérios irrevelados que rondam por ela.

Nosso caminho foi em silêncio total, não falamos um "a" sequer. Isso foi até agradável, confesso. Me senti leve de certa forma, mas ansiosa. Ela não conheceria somente o Louvre, ela conheceria partes de mim que foram deixadas nesse museu ao longo de uma vida, partes que não posso esconder, nem mesmo se eu me esforçar para isso.

Então paramos. Lá estava a pirâmide de vidro. Era hora de fazer o que eu sei de melhor.

— A-ntes de entrarmos definitivamente, eu preciso contar um pouco sobre a história desse lugar. Pode ser?— minha voz falhou no início de tantos minutos que fiquei calada, e Rafaella esboçou algo parecido com um sorriso.

Ótimo, sua resposta não passou de um leve e breve aceno com a cabeça.

— Certo...— eu fiquei sem reação, pensei que ela fosse verbalizar algo.— Por volta do século XII ao XIV, aqui existia um forte, e como qualquer forte, sua função era proteção. As ruínas estão expostas na área Salle Basse, que fica no sub-solo.— para que não ficasse monótono, lentamente conduzi Rafaella e Nicholas pela extensão do museu, sem entrar, claro.— Com o crescimento de Paris, o Louvre passou a servir como residência real, e ficou assim por dois séculos até o rei François I demolir a construção medieval e mandar alinhar o novo palácio às tendências Renascentistas, dando origem ao que veremos em seguida. Foi uma construção de cem anos. Mas como nada é perfeito, permaneceu desse jeito até cair em desuso, no século XVII, já que o Palácio de Versalhes havia sido construído. E um século mais tarde, século XVIII, após a Revolução Francesa, o museu foi inaugurado em 10 de agosto de 1793. Foi aberto com 500 obras em exposição, muitas delas confiscadas da família real recém deposta. E uma das obras que faz parte do acervo original, é a Mona Lisa.— eu juro que vi um brilho diferente no olhar de Rafaella quando falei do quadro. E é esse brilho no olhar me me motivou mais e mais.

Eu não me esforcei nenhum pouco para esconder meu sorriso emergente. Continuamos analisando a parte externa, tentando nos apegar aos detalhes. Os detalhes que fazem a diferença, e aqui, nesse lugar, a diferença pode ser enorme dependendo do detalhe visto.

My Interpreter (Rabia Version)Onde histórias criam vida. Descubra agora