Pov Bianca
Eu só queria continuar.
Sinos... o que os tornam tão únicos? A resposta é óbvia: o som. Mas quantos outros dispositivos por aí não reproduzem ondas sonoras? Entretanto, dentro do mundo dos sinos, o som ainda é o que difere cada um deles, cada um demanda de um som. Alguns são graves, outros são agudos... o som é alcançado através de um objeto externo, como... sei lá, um martelo? Um lápis? Uma colher? Isso depende do tamanho do sino, claro! Mas também existe o badalo dentro, então... quando vemos aquelas cenas nos filmes onde alguém puxa uma corda e o sino soa... é o badalo cantando.
E eu odeio com todas as minhas forças o badalo perto da torre, pois serei obrigada a parar de fazer algo que estou realmente gostando e aproveitando, então... dane-se o sino! Mas nem tanto, eu preciso de ar.
Num movimento delicado me afastei minimamente, o suficiente para Rafaella perder a sensação de estar virando uma espécie bizarra de sanduíche entre a estrutura da torre e eu. Pelo visto eu abri os olhos primeiro.
— Em qual vinho vai cair a culpa dessa vez...?—perguntei com a voz falha, já que né...
— Q-ue tal culpar a ventania que faz aqui em cima?— ela perguntou no mesmo tom, esboçando um sorriso no canto da boca, alisando meus braços com timidez.
— Uma ventania embriagante...— eu não estava tão tímida assim, acho que minhas mãos não saíram da cintura dela até agora.
— Suponho que a hora de descer chegou, certo?— pode ser coisa da minha cabeça, mas se ela descer os olhos para a minha boca mais uma vez...
— Certo... é, droga... o sino... temos que ir.— e como sempre, a realidade apareceu, fazendo a distância entre nós cada vez maior.
Nós descemos, em silêncio. Total silêncio. E eu não sei como vai ser daqui em diante.
Pov Rafaella
Pelo elevador já dava para sentir o quão longe do chão nós estávamos. E como Bianca mencionou, o barulho da cidade aos poucos desapareceu, dando lugar ao canto do vento. Eu literalmente estava com aquela sensação de que a qualquer momento alcaçaria o céu.
Silêncio.
Era isso que nos esperava no terceiro andar. E estava vazio, assim como Bianca mencionou mais cedo.
— Merda...— isso não era ruim, eu só não estava acreditando na vista.
— Aqui não tem muito o que falar... só olhar.
Eu já estava quase debruçada ali, admirando Paris de um jeito único. Senti Bianca um pouco atrás, mas não o suficiente para estar longe, e muito menos o suficiente para estar perto. Ela só estava ali.
Olhei para todos os lados que meus olhos puderam avistar, senti cada toque do vento em meu rosto e não conseguia me livrar da sensação de tocar o céu a qualquer instante. A qualquer momento eu tocaria, com certeza.
Reconheci a catedral de Notre Dame, reconheci o Louvre, notei algo que poderia facilmente ser o Arco do Triunfo e isso acabou no meu rosto virado o suficiente para perceber que agora Bianca estava atrás de mim, mais perto. Involuntariamente, creio eu, minha mão foi parar no rosto dela e a cada movimento que eu fazia ali com o polegar, minha respiração parecia me trair ao mostrar o quão nervosa eu estava. Por que ela está me olhando tanto? Por que as mãos dela agora estão me segurando?
Sinceramente? Não importa. A única coisa que parece importar para mim agora é saber que ela não vai fugir do que estou prestes a fazer. Eu nunca puxei alguém tão suavemente para um beijo antes. Na verdade eu nunca estive com mais do que seis pessoas na vida e isso... incluindo ela. Mas o fato é: para a minha surpresa, ela não fugiu, não resistiu e tudo o que eu posso fazer agora, é me virar e permitir que o beijo vire beijo.
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My Interpreter (Rabia Version)
FanfictionCansada da rotina corriqueira que vive, Rafaella Kalimann decide tirar um tempo para si. Sem estresse, sem trabalho. Apenas ela e sua família. Casada com Daniel Caon há dez anos, o casal possui um filho, Nicholas, de seis anos. O destino? França. Ma...