Capítulo 18: Eu tenho que ir, me desculpa!

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Pov Bianca

Oh droga... péssimo, péssimo, péssimo dia para acordar com a cabeça latejando. Sabe quantos comprimidos eu já tomei? Muitos! E nada de passar. Um dos meus maiores orgulhos, mesmo sendo poucos, é a minha profissionalidade. Falo isso com tranquilidade. Mas, especificamente hoje, não sei se poderei evitar os pensamentos que não param de passar por minha cabeça desde o momento que acordei: não consigo sair hoje. Justo hoje! Meus planos eram os melhores possíveis... De repente meu celular começou a tocar. Tocar não, começou a fazer um verdadeiro escândalo! Provavelmente seria Rafaella ou Daniel cobrando o nosso adorável dia de hoje. Mas não era.

— Por que você não me ligou?— reconheci a voz e acabei por despertar um pouco mais.

— E você queria falar comigo, Íris?— fui um pouco grossa?

— É, mas...— um dia eu entendo ela. Se eu não faço o que ela quer, ela fica brava. Se eu faço, fica brava do mesmo jeito.

— Eu estou pertinho de casa, em breve estarei aí. Tudo bem assim? Deixe para brigar comigo quando eu estiver por perto.— me virei para o outro lado da cama, trocando também o celular de lado, e me lembrando que não posso parar.

— Eu não quero brigar com você. A Gizelly me ligou... eu entendi o que você fez, só queria falar isso.— pelo barulho, ela estava com Miguel na empresa.

— Fico feliz por isso mas um pouco revoltada. Você a escuta mais do eu. Quer passar um tempo com ela em Montpellier?— claro que a pergunta não foi séria.

— Não! Não quero. Por favor, nã—

— Ei... não falei sério. Mas da próxima vez sim. Me escute, okay? Eu te apoio em tudo, você bem sabe. Exceto quando suas ideias ultrapassam o limite da noção. Eu sou responsável por você, imagina o que eu falaria para a mamãe?— perguntei, e com a pergunta o arrependimento se aproximou.

— Como se ela ao menos se importasse, não é?— eu pude sentir essas palavras tão azedas quanto... sei lá, um limão?

— Ela se importa, Íris. Só que ela é ocupada demais. Você sabe disso. Se não fosse por ela, não teríamos nada do que temos, certo? Ela te visita com pouca frequência, eu sei. Mas se me lembro bem, quando ela perguntou se você queria ficar com ela você negou.— eu sinto que esse assunto apenas me desgasta.

— Claro. Eu moraria sozinha, praticamente.— posso jurar que ela praticamente relinchou.

— Então não me fale sobre o quanto ela não está presente, se você sabe o porquê.— sinto também que, mesmo sendo minha irmã, ainda falarei coisas que não devo.

— Se ela tivesse motivos para voltar...— ela suspirou.

— Você é um excelente motivo.— também suspirei.— Eu preciso ir agora, okay? Me mande mensagens, se quiser.

— Tudo bem... tchau, Bia.

— Até mais, pequena. Amo você, viu?

— Eu também te amo.

— Dê um chute carinhoso no Guel por mim, por favor?

— Pode apostar que sim.— então eu soube que ela sorria.

A ligação acabou... respirar fundo já não adianta mais, pelo amor das deusas! Agora tenho mais uma tarefa a fazer: dizer ao casal que minha cabeça está explodindo, e que se teremos algum passeio hoje, será muito mais tarde. Me levantei para tomar um banho quentinho daqueles bem... bem... esse mesmo! Dizem que melhora, né? Me perdi em meio ao vapor todo que o banho gerou, mas ao mesmo tempo parei para pensar. Pensei nessa viagem doida, a qual eu não faço a mínima ideia do porquê de ter concordado. Ou faço... como eu disse a Gizelly, eu aceitei para fugir. Mas do quê? Da responsabilidade de conversar com Íris sobre os motivos que levaram a nossa família a ruptura.

My Interpreter (Rabia Version)Onde histórias criam vida. Descubra agora