Capítulo 5: Parc national des Calanques et MuCEM

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Pov Rafaella

Eu não sabia muito bem como ou por quê, mas acordei com Nicholas em cima de mim e digamos que... tudo bem eu já acordei várias e várias vezes com o pescoço babado, mas não me lembro de dormir com ele. Daniel não estava na cama, então fiz uma espécie de proteção de travesseiro ao redor do pequeno para que ele não acordasse. Coisas simples que enganam crianças muito bem. E posso jurar que meu esposo não estava nem no nosso quarto. Eu decidi fazer o que faria normalmente: um banho relaxante, mas não longo.

Estava estranhamente ansiosa pelo passeio de hoje, me perguntando qual seria o lugar no qual eu receberia uma explicação histórica excelente. E me perdi em tais pensamentos com a porta sendo aberta, era Daniel.

— Bom dia, meu amor. O sistema do hotel caiu e nos chamaram para fazer o check-in novamente. Coitados dos funcionários, fizeram tudo a mão.— ele estava parado em frente ao espelho e eu não liguei muito para falar a verdade.— E a propósito, Bianca pediu para nos encontrarmos em frente a Basílica, às duas.

— E que horas são agora?— perguntei.

— Nove. Podemos tomar café, passear por onde já conhecemos... o que acha?— ele parecia animado e isso me animou junto.

— Acho que seria perfeito, Sr. Caon.

(...)

Posso dizer com tranquilidade que nosso tempo a sós foi o melhor de todos. Nicholas continuava com seus vários por quês, e nós... bom, continuávamos a responder como se soubéssemos. Mas conforme o horário se aproximou, nós três ficamos ansiosos. Eu tenho certeza que ele sabe o que vamos fazer hoje e não quer me falar, mas tudo bem.

Em frente à Notre-Dame de la Garde, esperamos por ela. Cinco minutos depois Bianca se fez presente entre nós e sorria como sempre.

— Tu lui as dit, Caon?  (Você contou a ela, Caon?)

— Deixei para você.— ele sorriu.

— Geralmente esse passeio envolve escalada mas optei por tirar essa parte já que Nicholas teria que ficar de fora. Então vamos caminhar pelo Parc national des Calanques. Vocês verão que valerá a pena quando estivermos lá em cima.— então ela apontou para um tipo de paredão enorme e bem distante.

Não vou dizer que a retirada de algo tão revigorante quanto uma escalada me deixou feliz, mas não posso pensar somente no que me agradaria fazer. Era óbvio que Nicholas ficaria de fora, sinceramente acho que essa viagem já não está aquelas coisas para ele. Porém amo caminhar e não acho que estaria apta para escalar de qualquer jeito.

Mas foi tudo diferente. Nós andamos e andamos, em algumas horas chegamos ao topo do tal paredão que foi apontado por Bianca há pouco. A visão era de tirar o fôlego, eu admito. Porém eu estava errada ao pensar que faríamos apenas isso.

De algum jeito, Bianca conhecia um tipo de atalho que nos permitia descer em pouquíssimos minutos, e me perguntei o por quê de ela não ter feito isso antes, mas então me dei conta de que não teria sentido algum subirmos por um simples atalho. E de repente, Daniel sorria.

— Sabe o que eu sempre quis fazer, amor?— ele estava sendo misterioso de propósito e eu sorri.— Andar de caiaque.

Então eu me dei conta de onde nós -realmente- estávamos.

— Vamos andar na água?— ouvi Nicholas perguntando, animadíssimo. Eu também estava, claro! Mas um pouco em choque sabendo que ele mantinha segredos sobre a viagem com nossa guia.

E Bianca nisso tudo? Conversava abertamente com algum instrutor, ao mesmo tempo que eu vi dois caiaques sendo lançados ao mar. Tudo bem... não exatamente lançados. Me dei conta também que eu era a única a não estar vestindo o colete salva-vidas, mas não por muito tempo.

My Interpreter (Rabia Version)Onde histórias criam vida. Descubra agora