Capítulo 53: Eu não me apaixonei por você em Paris

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Pov Bianca

Continuação

— Sabe, Bianca... ela me beijou ontem, e hoje.

Isso doeu de um jeito que não deveria.

Tirei o celular de perto por alguns segundos, mas vamos lá... eu merecia ouvir o que ele tinha a dizer. Eu literalmente roubei a esposa do cara e não espero gentileza alguma por parte dele.

— Mas aquele beijo não era meu. Era para você.

Uma informação agridoce, eu diria. Saber que ela o beijou me fez sentir um gosto amargo no fundo da garganta; mas ouvir a consideração final, mesmo sendo ele ao telefone, de certa forma me fez sorrir.

Mas eu não estava simplesmente brincando ali. Eu deveria agir de acordo com a minha idade, com os meus princípios.

— Se você quiser, podemos nos encontrar e conversar sobre isso. Eu jamais—

— Você planejou a nossa noite em Paris já gostando dela?

— Dan—

— Me fala.

— Não. Não, ok? Isso não estava nos planos. Sequer nos meus sonhos mais profundos.

— Eu não posso acreditar em você, Bianca. Eu confiei em você e de repente você é a francesa charmosa de quinta que faz a minha mulher cair de amores por onde anda. Você entende como isso é fodido? Me dissesse antes! Eu prefiro saber as coisas quando acontecem. E eu decido se me machuca ou não, mas isso... porra! Foram meses! Meses! Eu preferia que uma de vocês tivessem me ligado no dia seguinte. Eu te chamei porque achei que você era confiável. Mas agora vejo que não.

E assim ele desligou.

Ótimo. Agora eu me sinto uma pessoa asquerosa, desleal... e sei lá mais quantos adjetivos pejorativos podem definir a merdinha que me sinto nesse momento.

Mas sim! Eu ainda vou ao Paris 6. Nem que seja para dar um fim nisso tudo.

(...)

Me sinto muito curiosa para saber a opinião de Rafaella sobre esse restaurante. Afinal, é francês. Típico? Previsível?

Típico tudo bem... mas o previsível não é pela comida, e sim pelo lugar. O restaurante fica simplesmente no topo de um prédio. É agradabilíssimo fazer qualquer refeição olhando a cidade praticamente de cima. E como sei que Rafaella conhece esse lugar, fico curiosa. Será que ela vem ou a esse ponto está pensando em uma mensagem super atenciosa dizendo como foi bom mas acabou?

Por que eu estou pensando nisso?

Eu estava sentada, encarando como a cidade fica linda à noite e pensando que provavelmente precisaria de um voo. Uma taça de vinho era minha acompanhante até o momento, e o relógio do lugar marcava oito e quinze. Acabei suspirando. Minha decisão foi levantar e ir embora, mas não antes de acabar aquela taça.

Oh, Deus... eu fiz isso mesmo? Me envolvi com ela? Caí na armadilha chamada Paris...

(...)

— Eu acho que o amor é justamente viver com essa constante incerteza mas sabendo que... eu posso jurar que você teve seu coração partido, senhorita Andrade.— Rafaella sorriu e eu fiz o mesmo quase na mesma hora, balançando a cabeça para os lados, e deixei minha taça sobre a mesa.

— Nunca. E é por isso que digo isso.— respondi.

— Você tem certeza?— ela me encarou.

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