Capítulo 51: Desde a faculdade?

944 106 28
                                    

Pov Bianca

— Bia, teu namorado tá aqui, e tá chato!— são atitudes como essa que me fazem querer Íris com Mônica em momentos como agora.

Eu fechei os olhos e suspirei assim que Rafaella me olhou. E lá vamos nós.

— Diogo?— o fato dela ainda não ter se afastado é bom, certo? Eu acho que sim, então vou focar nisso.

— Ele não é meu namorado.— e menti? Não era mesmo.— E mesmo se fosse, você é casada!

— É, eu sei bastante sobre os fatos. Não precisa lembrar.— merda, agora ela se afastou.— E...— ela respirou fundo.— Eu era.— já mencionei que tem um sofá super chique de dois lugares aqui? Na verdade cabe umas seis pessoas, mas ok!

Oh... MEU DEUS!

— E como você está se sentindo?— eu praticamente voei para o lado dela, me sentei e institivamente comecei a passar a mão pelas costas dela, eu prometo que não era nada mais do que um carinho inocente.

Rafaella balançou os ombros sem saber o que responder. Eu acabei suspirando. Não queria que chegasse a tal ponto.

— Eu quero que você saiba que eu só quero o que é melhor para você. A decisão que você tomar, eu vou aceitar.— eu tenho que ser justa e sincera aqui. É mais fácil esquecer uma quedinha do que um casamento de sei lá quantos mil anos.

— Eu fiz a minha decisão.— ela ainda não me olhava.— Fiz a minha decisão assim que ele mandou eu sair e eu aceitei.— ela passou a mão direita pelo cabelo e me olhou.— Eu não queria ficar lá.

Rafaella ficava linda com a pouca luz que tinha ali. Ela estava com os olhos marejados, eu diria que no ponto para chorar. Eu definitivamente amo esses olhos.

Ficamos em silêncio, até ela tomar coragem e me perguntar:

— Diogo está lá?— e eu sei que no fundo ela não quer saber de verdade. Mas darei a resposta.

— Está, nós saímos por uns dias até eu começar a fugir dele.— sorri levemente.— Eu não tinha certeza se você ainda apareceria...

— Se não fosse o aniversário você provavelmente estaria com ele?— por que se machucar assim, mulher?

— Você sabe a resposta...— aquela minha mão inocente saiu dela, e ela sentiu a diferença.

— Quero ouvir.— encarei ela por alguns segundos e respirei fundo.

— Sim, eu estaria com ele do mesmo jeito que você estava voltando para o seu marido aos poucos. É injusto você sentir qualquer tipo de mágoa nisso porque saiba que eu sentiria o mesmo.— uau! Nunca fui tão adulta assim...

Rafaella balançou a cabeça, concordando comigo.

— Mas ainda fico brava...— ela levantou.— Eu estava bem! Sabe? Minha vida estava bem. Parecia tudo encaixado, tudo certo.— já falei que ela está andando para os lados?— Eu decidi viajar e...— me olhou.— Nos primeiros dias eu pensei que você estava dando em cima do Daniel, não vou mentir.

Pausa! Eu comecei a rir. Muito!

— Oh, não... não, Rafaella... não!— levantei.— Eu não queria falar com você.

Ela me olhou e aquele vinco fofo se formou no rosto dela. Antes que ela perguntasse eu fui mais rápida:

— Acorda! Eu preciso desenhar, mesmo?— aparentemente sim, meu Deus!— Eu só fiquei amiga do Diogo porque ele andava com vocês. Acorda, Rafaella!— eu tive que continuar rindo. Cômico se não fosse trágico.

Pov Rafaella

— Como é ficar com a mesma pessoa por anos?— Bianca me perguntou.— Não querendo ser invasiva, claro.

Foi um pouco.

Nicholas dormiu?

— Relaxa...— sorri.— É maravilhoso. Sinto que ele me conhece como ninguém, nem mesmo meus pais.— sorri feito uma boba apaixonada.— Eu conheço cada marquinha dele. Tudo.— e suspirei.

Ai, ele é lindo! E meu amor.

Bianca me olhou por segundos e virou a cabeça, balançando e sorrindo. Com certeza estava pensando "parece uma adolescente".

— Eu realmente não sei porque não me lembro de você na faculdade.— e mudei de assunto. Foi melhor.

— Você estava concentrada demais no seu namorado.— ela riu.— Sem ofensa.

— Zero ofensa. Eu estava mesmo.— ri junto com ela.

Oh...

— Desde a faculdade...?— como ela está calma?

— Não exatamente. Eu só te achava legal, e... muito bonita.— ela balançou os ombros.— Junto com você eu tive crush em outras mil pessoas, então... agora você se derreteu toda por mim, reconheça!

Eu acabei rindo com tamanha audácia e convencimento dessa mulher.

— E você se apaixonou em Paris como uma verdadeira mocinha de clichê. Sobre isso você não fala?— me sinto adorável!

Dessa vez a cara dela... nada paga!

— É justo! Mas você já estava caidinha bem antes.

— Oh... com certeza não por mais de oito anos.

Não era meu objetivo formar essa tensão entre nós.

— Essa conversa de quem se apaixonou primeiro é totalmente falha já que as duas estão no mesmo lugar agora.— só para não falar do clichê dela?

— Estamos?— eu sei que sim, calma.

Bianca revirou os olhos.

— Se não estamos... posso ir embora?— ela cruzou os braços.

— Vou ter que te seguir.

— Oh... não tenho tanta certeza se eu reclamaria disso...— ela eu alguns passos e eu sorri. Seria perfeito se o celular dela não estivesse tocando novamente.

— Okay, não vou ser calma e paciente como era Jesus para sempre.— tenho direito de ficar emburrada? Vou meter a mão na cara do Diogo a qualquer instante.

Bianca pegou o celular.

— Relaxa, não é ele que eu amo.— e atendeu.— Alô?

Ela disse isso baixo, ela disse inconscientemente. Ela notou o que acabou de falar ou eu já estou ouvindo coisas?

Enquanto eu permanecia parada com cara de nada, tentando assimilar o que escutei, ela andava de um lado para o outro. Então "despertei".

— Non, maman ... Íris a décidé d'y aller mais je ne peux pas. Je ne veux pas.— oh... Mônica?

(Não, mãe... Íris decidiu ir mas eu não posso. Não quero.)

Se tratando de Mônica, toda minha ceninha emburrada passou. Mas ainda assim, digerindo a errônea declaração, voltei a me sentar. Entre Manu e eu, a baixinha era aquela que deixava qualquer tipo de álcool disponível aqui, caso precisemos. São tantos casos nos quais o álcool nos ajuda! Inclusive agora.

Em uma única noite: dei fim ao meu casamento, ouvi que ela provavelmente me ama e... já é o suficiente para dar aquele golinho, não é? Porque eu acho que sim. Mas Bianca... ela me olhou, e tampou o celular para que Mônica não ouvisse.

— Se você beber hoje eu vou embora, Kalimann.— ela quase sussurrou e voltou a prestar atenção na mãe.

Então recuei. Não sei quantos minutos aquilo durou, em alguns momentos ela movia os lábios, formando "sinto muito". Por que eu não esperaria? Não que seja a mesma coisa, eu acho, mas ela esperou até agora as minhas questões familiares, questões essas que ainda não estão inteiramente resolvidas.

(...)

X

Quem falou que ela já gostava da Rafa na faculdade? Estavam certíssimos!!

My Interpreter (Rabia Version)Onde histórias criam vida. Descubra agora