Capítulo 1: Pequena tartaruga

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Pov Rafaella

Me chamo Rafaella Kalimann, mas isso vocês já devem saber, certo? E essa é a minha história. Tudo começou quando...

Pov Bianca

Só sua, Rafaella?

Pov Rafaella

Não, amor. Nossa. Essa é a nossa história e começou mais ou menos assim...

Dois anos antes

- Bom dia, meu amor número um. Bom dia meu amor número dois.- observei Daniel entrando na cozinha. Sua cara de sono, seu cabelo bagunçado mas sempre com aquele sorriso. Ele beijou Nicholas e em seguida deixou um beijo em minha cabeça.

- Bom dia, papai. Hoje a mamãe vai me levar para a escola!- Nicholas disse animado. Bem animado, por sinal.

Não é como se eu fizesse isso sempre... não, não é fácil conciliar todas as áreas da minha vida. Pelo menos eu sou péssima nisso.

Daniel estava apoiado no balcão da pia e me encarou, segurando uma xícara em sua mão direita. Como se perguntasse "sério?". Eu nada falei, o encarei de volta com a reposta. Ele não notou mesmo que eu estava pronta para sair? Assim como nosso filho?

Daniel e eu nos conhecemos com... dezesseis anos, eu acho. Mas desde então, não nos separamos. Dez anos juntos, entre namoro e casamento. Namoramos até os vinte e logo ele fez toda aquela cena romântica dizendo que me queria para o resto da vida. Tudo bem... eu também disse isso. E eu o amo, demais. Ele é meu melhor amigo, meu eterno namorado, pai de uma criaturinha que eu amo mais do que eu mesma e meu esposo. Nicholas tem seis anos, sim... surpresa de casamento. Não me arrependo de ter engravidado aos vinte.

Eu sou feliz. Estou feliz com ele. Temos Nicholas, não tem como não sermos felizes.

- Vamos?- olhei para o menininho à minha frente. Ele levantou, pegou sua mochila que estava em algum canto da cozinha e abriu a porta da sala.

Eu realmente quis rir, aquela mochila era maior que ele desde quando? Daniel percebeu.

- Nosso filho parece uma tartaruga ou é impressão minha?- ele questionou com seu tom de voz característico para falar graça de alguém. Eu não aguentei, acabei soltando uma gargalhada alta, o que fez Nicholas se virar em nossa direção. E logo disfarçamos.

- Mamãe? Vamos?- a maçaneta ainda era maior que ele, e mesmo assim ele não soltava.

- Não esqueceu de nada?- perguntei com uma sobrancelha levemente arqueada. Ele me olhou por um bom tempo até soltar seu casco, digo, mochila, e correu para o banheiro. Ele tinha que escovar os dentes.

- Eu com seis anos não sabia nem a diferença entre escova e pasta de dente.- meu marido comentou sorrindo e eu acabei fazendo o mesmo.

- Filhos puxam a inteligência da mãe na maior parte, amor.- me levantei para certificar que Nico não estaria molhando todo o banheiro de seu quarto. Mas antes beijei meu marido suavemente. Qual é? Acabei de chamá-lo de burro na maciota.

Eu era engenheira civil e Daniel me ajudava, ele era arquiteto. A empresa que tínhamos era majoritariamente minha, cerca de 85,7% das ações. O restante era dele, aquilo não era a praia dele e eu sabia. Digamos que meu marido fez arquitetura por livre e espontânea pressão dos pais. Então a construtora não era sua prioridade, mas mesmo assim ele trabalhava duro ali.

Segui para o banheiro e vi Nicholas em cima de um banquinho, para enxergar seu rostinho no espelho mas isso não estava acontecendo. Antes que um acidente acontecesse, eu coloquei minhas mãos em baixo dos braços dele e o levantei, imitando um dinossauro.

My Interpreter (Rabia Version)Onde histórias criam vida. Descubra agora