Capítulo 56: Você arruinou tudo

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Pov Bianca

Eu amo dormir de bruços. É uma paixão mesmo, tão confortável que caio no sono em segundos. E era assim que eu estava. De bruços, calma, sonhando... até sentir um peso que fez meu sistema respiratório entrar em alerta.

— Bi?— um sussurro. Sussurro do sussurro. Nicholas.

Continuei de bruços, mas troquei de lado. Olhei para ele e esperei.

— Quando eu posso ver o museu novamente?— como sempre, ele perguntava com aquela esperança aparente.

Fechei os olhos, lutando muito para não voltar a dormir. Abri novamente e primeiro fitei Rafaella, deitada de lado, de costas para nós, depois olhei para ele.
Rafaella é o pacote completo com essa surpresinha junto. Se eu quero isso mesmo, é melhor agir como tal. Nicholas será meu... enteado.

— Você está com fome?— sussurrei no mesmo tom. Claro que ele foi ligeiro em concordar.— Você está interessado na casa ou no café da manhã?— continuei sussurrando ao mesmo tempo que levantei com cuidado.

Nicholas me seguiu a todo momento, ele até fez o seu pedido pelo interfone. Então resolvemos aguardar na sacada.

— Sabe, Nick, você poderá ir ao museu sempre que estiver lá. O que eu quis dizer ontem, é que vocês ficarão comigo se acontecer. E não em algum hotel. Entende?— eu estou pisando em ovos aqui, e andando sobre uma camada de gelo com 1 milímetro de espessura.

— Mas...

— Você ainda está se acostumando com isso... eu só quero que você saiba que eu gosto muito de você, e gosto muito dela. Jamais farei algo que te deixe triste, ou que deixe ela triste. Só que essa tristeza que você está sentindo agora, está sendo igual para ela, para mim e para o seu pai. Só que isso passa. Vai passar, Nick. E você vai ver que eu posso ser muito mais legal do que já sou.

Ele não respondeu porque o nosso belíssimo café da manhã chegou. E enquanto Nicholas atacava o que queria, fiquei na missão de chamar quem faltava. Teria sido legal, se ela já não estivesse acordada.

— Ele já te torturou um pouco?— Rafaella questionou-me ao mesmo tempo que passava lentamente o dorso da mão direita em seu olho direito. Ela ainda estava cansada.

Acabei sorrindo levemente e suspirei.

— Nah... nós até pedimos o café da manhã.— Rafaella sorriu, assentiu de leve e me deu um beijo na bochecha antes de se afastar para falar com o filho. Eu fiquei parada ali, com um sorriso besta no rosto e a bochecha quente no local beijado por ela.

Pov Rafaella

Nicholas parecia normal, estava conversando normalmente.

— Nick, hoje você ficará com o papai, tudo bem?

Sobre a conversa com Daniel ontem... decidimos horrivelmente passar um dia sim e um dia não com ele, até esses dias se tornarem períodos maiores. Se é a melhor opção? Eu não sei, mas Nicholas irá se acostumar. Eu preciso pensar nas melhores opções, e isso me parece uma.

Nicholas, entretanto, me olhava levemente confuso. Alternou o olhar entre Bianca e eu.

— Tudo bem...— ele suspirou e voltou a comer, quieto.

Discretamente, Bianca e eu trocamos olhares.

— Ou...— ela começou se virando lentamente para o pequeno, ainda me olhando, e agora atraindo toda a atenção de Nicholas. E apenas com o olhar, eu deixei que ela falasse o que estava em sua cabeça.— Se você quiser, podemos... fazer alguma coisa que não envolva Paris, e sim São Paulo. Que tal?— embora eu soubesse que ela NÃO queria fazer isso, achei sua atitude em perguntar muito nobre. Considerando o que ele sente. E é por isso que eu acho Íris uma menina de muita sorte. Mas não, nada parece ser como esperamos.

My Interpreter (Rabia Version)Onde histórias criam vida. Descubra agora