Capítulo 52: Ela me beijou hoje

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Pov Bianca

Continuação

Uau! A palavra que me define agora é: desculpa!

A questão entre Mônica e eu está mal resolvida até agora. Eu me sinto até lisonjeada por ela querer voltar a morar comigo, sério! Mas... a minha vida tá rolando aqui, e com certeza não é o momento de fazer isso.

— Já falei que está tudo bem! Não tem outro jeito de falar... está tudo bem...— vamos lá... Rafaella está me olhando, com esse sorriso tímido no canto da boca, enquanto eu me desculpo por quase morrer ao telefone com minha mãe. Claro, ela está deitada no sofá do escritório até agora e vamos supor que eu esteja junto com ela do jeito que é possível. Então sim, ter essa visão dela de baixo me deixa pior do que manteiga derretida.

— Vamos ficar aqui para sempre?— aceitei que já estava desculpada, então trouxe essa questão por motivos de: eu realmente não quero sair daqui.

— Seria bom...— o que ela tanto encara nesse teto?— O quanto você bebeu com as meninas?— ela voltou a me olhar.

— Eu te garanto que a minha sobriedade está acima de 90%.— falei com firmeza mesmo! Eu estou bem ciente de tudo que fiz essa noite.— Por quê?

— Curiosidade... é claro que eu não pensei em acabar a noite assim.— ela sorriu levemente. — Mas você sim, né? E se juntou com as pessoas mais baixas que conheço.— ela tinha aquele sorriso todo mas por algum motivo fiquei com medo.

Pov Rafaella

Bianca ficou rígida, literalmente. É agora que ela lembra do "eu te amo" subentendido ou...?

— Confesso que elas me sequestraram, eu n—

— Não, não, não!— entendi tudo! Acabei com o nosso conforto assim que me sentei para arrumar o pequeno mal entendido.— Não estava reclamando de vocês juntas. Acredite, eu fiquei feliz por ver que elas te acolheram sem clima estranho.

— Acolher é um eufemismo, certo?— ela riu.— Elas estavam me tratando como se você fosse casada comigo.

— Por isso elas são as pessoas mais baixas que conheço.— apoiei meus cotovelos sobre minhas próprias pernas e juntei as mãos, aquela típica pose, sabe? E bom, suspirar já está virando rotina. Um pouco de longe, encarei a enorme janela do escritório. Notei que um dos lados estava aberto, e o risco de eu ter jogado ela para fora do prédio durante aquele beijo... não era baixo. Que bom que errei a direção.

Não vou negar, as coisas "esfriaram" um pouco ali, mas tenho certeza que faz parte do nervoso. Imagina? Ela está totalmente fora da zona de conforto e eu... com 50% do pensamento longe. Mas, por conta de uma certa pergunta, meus pensamentos aqui subiram para 90%.

— O que estamos fazendo aqui?— e essa foi a pergunta causadora do meu pânico.

Acabei suspirando tão fundo que quase senti a respiração celular em cada tecido existente no meu corpo.

— É um dia estranho...— comentei.— Muita coisa em pouco tempo.— virei a cabeça mas não o suficiente para olhar diretamente para ela.

Senti o vento entrando e embora fosse bom, estava forte. Eu estava ficando inquieta por não ter uma resposta decente para a pergunta dela. Mas sinceramente, não acho que ela tenha a resposta. Se tivesse não estaria perguntando. E por estar inquieta decidi acabar com o vento.

O que estamos fazendo aqui?

Ao ficar de frente com a janela, me rendi ao ar. Mas eu não sabia que estava rendida por outra coisa. Essa "coisa" agora estava atrás de mim, e em certo momento me abraçou.

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