Capítulo 40: Mal nos conhecemos, mas vou esperar

945 105 61
                                    

Pov Bianca

Ele foi bem especifico: não deixe que os franceses joguem charme para cima dela. Esqueceu de mencionar as francesas.

Deus! Eu não posso lidar com isso agora...

Rafaella parecia estar em uma batalha interna, uma batalha homérica, pelo visto. Eu só queria que ela não me desse o porquê.

— Porque eu me apaixonei por você.

Porque eu me apaixonei por você... porque eu me apaixonei por você... porque eu me apaixonei por você...

Ela fez a única coisa que jamais passou pela minha cabeça, a única coisa que ela não poderia ter feito. A única. Mas ainda assim meu corpo continuou imóvel em cima dela por alguns segundos, até desmoronar ao lado.

— Bi...— Rafaella continuou deitada sem me olhar.

— Eu não posso fazer isso...— murmurei. O som saiu abafado pois minha cara estava parcialmente enterrada na cama. Então levantei o rosto.— Eu não posso fazer isso. Vocês tem uma vida, vocês... vocês são o casal que todo mundo quer ser, vocês tem tudo o que as pessoas querem.

— Você acha mesmo que eu queria? De verdade, você acha que eu quero simplesmente colocar um ponto final em dez anos?— ela ainda não me olhava.

— Você não vai fazer isso, você não pode fazer isso. Por minha causa? Perder dez anos da sua vida por causa de alguns meses na França? Nós mal nos conhecemos!— me sentei sobre minhas próprias pernas e dessa vez Rafaella prestou atenção em cada movimento meu.

— Você nunca ouviu isso cara a cara, não é?— ela também sentou.— É estranho falar que estou apaixonada por alguém que não seja ele...— ela murmurou.

— Esse não é o ponto...— talvez até seja, ninguém nunca disse isso na minha cara.— Mas você mal me conhece, jogar toda sua história pela janela assim do nada sabendo que pode se arrepender?— nada inteligente.

— Eu não estou jogando minha história pela janela e... como eu vou me arrepender se aparentemente não vou ter nem a chance de tentar?— ela levantou da cama e segundos depois o quarto estava aceso.

Me sentei com as pernas para fora da cama e me apoiei com as mãos um pouco atrás. Observando ela andando pelo quarto enquanto diz o quanto eu não a quero, fiquei apenas ali. Para começar eu deveria ser aquela a surtar. Afinal, ela não é a única a trair alguém aqui. E o que ela está fazendo sinceramente está me irritando.

— Chega!— não falei alto mas ela parou.— Você é casada, eu não. Você vai sofrer inúmeras ofensas, eu não. Você vai perder apoio de várias pessoas do seu círculo social, eu não. Você já o traiu desde o momento que tentou me beijar, mesmo alterada. A bebida não muda ninguém, a gente só faz o que não tem coragem de fazer sóbria. E não é porque eu não te quero! Olha que eu quero, estranhamente quero. E muito! Só que isso é vida real e eu não vou ser mais baixa do que já estou sendo. Ele confiou em mim o suficiente para te deixar em outro país. E o que eu fiz?— agora ela não fala nada?— Essas coisas não são premeditadas e eu sei. Você não teve intenção de se apaixonar por mim, ou... que seja. Só estou falando para você não pegar a capa e a espada e sair cortando tudo. Eu não tenho nada a perder, você tem uma família.

Em dado momento eu estava parada na frente dela. Eu sei que ela sabe muito bem que não falei besteira alguma.

Mesmo com esse senso incomum de justiça, já que a bola não foi só pisada como foi arrastada por um caminhão, senti que ela precisava de alguma palavra de afirmação. E nem tão sem querer assim acabei juntando minha testa com a dela e minha mão direita parou em seu rosto.

My Interpreter (Rabia Version)Onde histórias criam vida. Descubra agora