Você tem talento - 25/02/2013

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Não sabendo meu ponto de partida, começo falando do lugar que estou agora, para depois contar sobre minha jornada. Mas hoje foi normal; voltemos a sexta-feira: um amigo meu, não muito estudioso, não muito largado, passou na Universidade Federal! Meu sorriso não cabia no rosto, a felicidade não cabia no meu corpo, feliz por ele, mas também feliz por mim, pois agora tem alguém na mesma situação que a minha, alguém próximo. Também passei na Universidade Federal sem concluir o terceiro ano do ensino médio.

Isso me leva a alguns domingos atrás, acordando quase dez horas, depois de ter recebido a seguinte mensagem no celular: "Parabéns, você foi aprovado na 2° chamada de SISU 2013. Matrículas 01, 04 e 05/02.", e voltei a dormir, até meio-dia. Vivi meu dia normalmente, pois até 20 dias atrás já tinha conversado com meus pais e entrado em acordo de que, mesmo se eu passasse, não entraria, porque ainda estava no segundo ano.

A noite, quando vi meus pais, comentei com eles sobre a mensagem e me espantei ao ver a reação de todos, minha mãe começou a chorar e não entendi o motivo de tanto drama, mais do que isso, foi incrível ver a vontade dos meus pais e dos meus tios para conseguir que eu me matricula-se, para que entrássemos na Justiça e com todos os recursos eu começar a faculdade este ano.

Muitos sabem dessa notícia, minha mãe contou para todos que conhecia, sem exceções, mas poucos, três eu acho, sabem como eu me senti naquele momento. Ia dizer que não, que não abandonaria a escola, ia dizer que não podia deixar meus amigos, que não era minha hora, mas como dizer isso para sua mãe, chorando de felicidade, orgulho de você? Como ser tão mesquinha a ponto de fazer seu pai pagar muito caro na sua educação e, em frente a uma bolsa de ensino superior, dizer não?

Naquela noite, queria desligar minha mente, não pensar em tudo que ia perder, faço isso até hoje, mas é inevitável. Saber que não fará formatura, que não passará o último ano da escola com seus amigos, perder uma turma que amo, amo mesmo, meu 3°B, que sou líder de sala.

Mas enfim, aceitei o desafio, disse sim a faculdade, a um mundo novo, totalmente desconhecido. Comecei a achar que seria fácil, que diria "tchau" para o colégio e estaria, na outra semana, na faculdade. Conheci então a Justiça, a burocracia, as leis, tudo conspirava contra, até o exato momento que vos escrevo, não sei se realmente farei faculdade este ano.

Acha que estou triste?! Se enganou, continuo indo à escola e vivo os melhores e mais engraçados momentos da minha vida, nesse tempo não fico nostálgica pensando que isso pode ter um fim em breve, apenas aproveito, como o último dia de aula na escola, o último ano da minha vida. Saiba que se eu morrer a qualquer instante, eu morrerei feliz, não me arrependo de nada, aproveitei o máximo e fui muito feliz.

O que me deixa triste é ver os olhos daqueles que amo e que vivem comigo, meus amigos, ao lembrar a possibilidade da partida. Decidi assim que não quero esses olhares antecipados, quero as risadas, as gargalhadas, os ataques de riso, as brincadeiras, a amizade e, acima de tudo, que seja eterno enquanto dure.

25/02/13

Para não sufocarOnde histórias criam vida. Descubra agora