Esse é o último dia da minha vida, para mim, não haverá um amanhã, tenho apenas mais 24 horas, tenho que aproveitar ao máximo, agora já tenho 23 horas e 59 minutos, o tempo corre rápido, preciso me decidir por onde começar. Primeiro, correria atrás de todos meus amigos, reuniria todos em um lugar e riria até a barriga doer, não contaria o que me aconteceria no próximo dia, apenas criaria lembranças, as últimas agora, e me despreocuparia com o tempo, apenas por algumas horas...
Depois conseguiria o telefone de todos meus professores que formaram minhas ideias e fizeram de mim a pessoa incrível que eu acredito que sou, modéstia à parte, diria a eles para não desistirem de ser professores, diria que eu intercederia por eles no céu, e que não vos abandonaria nas horas de necessidade. Em seguida, contaria minha condição para aquelas pessoas que eu guardo no coração, mas que não dão valor à vida, faria chantagem emocional, jogaria sujo, tudo para que elas dessem valor a vida, parassem de se matar aos poucos e doassem sua vida em serviço do próximo.
Ainda daria um jeito de reunir todas as pessoas do Acampamento JUMMAI, agradeceria a elas, pela mudança em minha vida, daria um testemunho de vida e prometeria a eles que eu intercederia por todas as causas pedidas de coração, e também pediria para que ninguém ficasse triste por mim, na verdade, eu já espero a morte como uma amiga a muito tempo, esteve sempre tudo resolvido.
E então, eu iria na casa do meu menino, diria para ele o que sinto, mas lhe pouparia dos detalhes que o fariam sentir culpado por eu estar partindo, faria ele negar tudo o que lhe faz mal por mim, diria para ele seguir em frente, se casar, ter filhos, e não se prender a mim, tudo o que acontecer era e é plano de Deus, me despediria com um abraço apertado, carinhoso e infinito, e diria tchau. Depois passaria na casa dos meus parentes, sem contar sobre nada, apenas um abraço, uma conversa de minutos para saber como andava a vida, beijo nas primas, conselhos para a vida. No caminho de casa, ligaria para o Thalysson, contaria sobre esses textos e diria que o amo.
Por último, quando a farmácia já estivesse fechada e todos estivessem dormindo, pediria para deitar na cama com meus pais, meu irmão e meus cachorros, me desculparia pelos erros, choraria um pouco, agradeceria pela vida e educação maravilhosa que eles me deram, daria um beijo de boa noite e dormiria, abraçada com todos, um sono leve e despreocupado, sem culpa ou peso nos ombros, sem dor ou remorso, apenas, talvez, um pedido para que Nossa Senhora rogue pela minha alma e que Jesus me acolha no céu, amém.
10/12/14
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Para não sufocar
Literatura FaktuHistórias do meu cotidiano, desabafos, coisas que sinto e que preciso por em palavras para não sufocar, escritas ao longo de 9 anos e contando.