Não há nada que se fazer - 28/11/2015

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Essa vida está meio merda, está muito ruim, não sei mais o que fazer, tanta coisa me deixa triste que não vejo mais a parte feliz da vida, nada, me motiva mais, hoje não quero falar dos motivos, quero falar das coisas, de tudo que me faz querer acabar com essa existência. Estou com a merda da alergia, isso só me faz lembrar que, em um mundo natural, eu não era para estar vida, simplesmente não tenho resistência para viver em um mundo real. Hoje encontrei outro gatinho e ele veio comigo, me seguiu, queria meu aconchego, mas assim como minhas cachorras e meus espirros e meu superego me lembraram, eu não posso ser feliz, não posso transmitir a alegria que não tenho, não é permitido à mim fazer minhas vontades, sou sempre limitada com esse corpo que não deveria estar vivo, por esses pais que não me entendem.

A fé? Perdi no momento em que pedi com devoção algo que não aconteceu, de tão pouca e frágil que era ela. Talvez seja tudo mentira mesmo, talvez no final tudo só acabe. Todas as minhas esperanças se foram, principalmente a de que um dia eu vá amar meu irmão, parece que não tem um momento que isso aconteça, e parece que tudo seria mais fácil se ele não tivesse nascido.

As coisas que mais amo nessa casa também são o motivo da minha doença, o contato com meus cães faz meu corpo rejeitar a felicidade, uma reação alérgica a minha alegria. Minha cabeça dói, meu ouvido lateja, minha garganta arranha, meus olhos ardem e não consigo respirar, parece que o fim de semestre resolveu escancarar todas as fraquezas que me compõem, inclusive as psíquicas. O gatinho, por breves 6 horas, está seguro dormindo, mesmo que trancado numa caixa trancada num quarto, que, assim como eu, só é possível estar bem em um espaço muito restrito e longe de qualquer um, o mundo é feroz e não tem paciência para quem não se impõe na vida, não tem paciência com os fracos.

Talvez tudo melhorasse se eu fosse rica, talvez um tratamento currasse minha alergia, talvez uma psicóloga me ajudasse com os problemas da minha cabeça, talvez uma casa nova não me fizesse espirar e um banho semanal nas cachorras me permitisse ficar mais tempo com elas, e uma empregada talvez poderia evitar que meu próprio quarto me adoeça. Mas quem sou eu para me permitir sonhar assim?! O que aconteceria se tudo isso se tornasse realidade, e o resto todo piorasse ainda mais?!

Segundo uma questão filosófica, não uso drogas porque sei que não conseguiria sair, a ideia de poder viajar para uma realidade alternativa é tão deleitosa que não conseguiria mais sair dessa. Espero que aqueles que entram saibam seus limites. Não há nada que se fazer, só esconder o gato o tempo que for possível e alimentar o que mora lá fora, aguentar quieta todos os sermões falando que os pelos são o motivo da doença (pensamentos biomédicos, aff) e engolir a raiva esmagadora de matar meu irmão. Ah, e estudar incansavelmente, mesmo ela não tanto a mínima para isso, e parece que eu também não, parece que não tem futuro. Não há nada que se fazer, vamos tentar dormir.

28/11/15

Para não sufocarOnde histórias criam vida. Descubra agora