Minha mãe chamaria isso que eu faço de chatice ou ruindade, quando não faz algo só por não querer mesmo, sem motivo, pelo fato de ser chata, pela natureza ruim da pessoa, e talvez seja isso mesmo, e está sendo tão difícil para eu entender a situação e pensar como portar agora. Enfim, a faculdade não é um lugar tão simpático e adulto como eu achava, existem lá pessoas chatas (e não o meu tipo de chata), arrogantes, prepotentes, metidas, enfim, muitos adjetivos que eu não gosto, ou melhor, não sei lidar, literalmente, não sei agir quando pessoas agem assim.
Minha tática atual tem sido a evitação, não fico perto, não me intrometo nos assuntos, apesar me tentar ao máximo ser educada, mas todos já perceberam que eu não gosto dessas pessoas, ou melhor, todos perceberam que eu sou ruim. Agora a estranha e evitada do grupo sou eu, aquela que ninguém pergunta se está bem porque eu nunca estou, não pergunta se eu quero ir porque eu nunca quero, não perguntam o motivo da evitação porque todos sabem que eu sou chata, sem mais.
O pior é que não sei como agir, já disse as minhas amigas como eu me sinto e porque eu evito, mas ninguém me compreende, sinceramente nenhuma das meninas que eu tenho consideração realmente me entende, fazer o que. Tenho outra opção de comportamento, muito mais agradável para todos e acho que terei mais "sucesso" na popularidade entre elas, que é abaixar a cabeça e ser falsa, declaradamente falsa, porque não há nada que me faça simpatizar com os comportamentos delas, então serei falsa até que a mentira esteja tão enraizada que eu mudarei meu pensamento e a falsidade se tornará uma verdade, serei mais uma.
Falo como se fosse trocar do lado do que sofre o bullying para quem pratica o bullying, mas não é bem assim, elas não são tão ruins e talvez eu devesse ceder à pressão e entrar para o time, confraternizar com o inimigo. Mas parece que eu faço de ruindade mesmo, eu tenho essa natureza de sempre participar da oposição, já que minha criação e forma de pensar são tão diferentes das outras meninas da faculdade, tenho que ser a que todos podem falar mal quando não está por perto, tenho que ser a que não recebe "bom dia" quando chega, a que não quer passar resposta, a que não vai às festinhas. Eu sofro, mas, já que é da minha natureza, tenho que buscar a naturalidade, ser autêntica, decidida e convicta das minhas crenças, não vou ceder à pressão.
21/06/15
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Para não sufocar
Non-FictionHistórias do meu cotidiano, desabafos, coisas que sinto e que preciso por em palavras para não sufocar, escritas ao longo de 9 anos e contando.