Noites de domingo - 26/03/2017

0 0 0
                                    

Nas noites de domingo eu nunca consigo dormir, talvez porque não paro de pensar nas coisas que me esperam durante a semana, talvez seja o peso de ter que conseguir fazer tudo isso, talvez pela expectativa de que no domingo que vem eu esteja tendo uma vida melhor, talvez porque planejo toda a semana e sei que não vou fazer metade do prometido. Talvez, talvez... Não sei direito o que é ansiedade, não posso dizer que sofro disso, pois posso estar diminuindo o sofrimento de outras pessoas, mas sei como é não conseguir dormir com ideias mirabolantes na cabeça, como é criar um extenso roteiro e direção para situações em que nem a protagonista eu sou, ou sou mas não tenho os culhões para atuar.

Nessa semana que começa hoje, a lista do que me aflige começa com a entrevista inicial com uma psicóloga, e mesmo conhecendo toda a teoria, não consigo evitar o pensamento de achar que ela irá resolver todos meus problemas. Sei que será só uma curta entrevista, que não será o início da terapia, mas não consigo evitar a expectativa. Em seguida na lista, algo maior é que talvez me aflija mais, estou gostando de um menino (que infantil da minha parte não conseguir chamá-lo de homem ou rapaz, mesmo ele tendo mais de 20 anos). Não sei direito se quero ele ou se quero apenas alguém para amar, para beijar, para conversar.

A partir disso, minha mente voa e vai parar nos filmes, e começo a criar cenários, como conversas em bares em que se toca jazz e sentamos no bar com nossos drinks (apesar de um não saber da existência de tal lugar na minha cidade e do fato de não beber, provavelmente por falta de oportunidade). Então, eu fico com vontade de chamar ele para sair, ter um encontro, mas eu imagino como eu vou estragar tudo com medo do contato, com medo de experimentar as coisas, com medo de qualquer um, talvez com medo de me apaixonar, ou de quebrar a cara.

E os anseios da noite de domingo continuam, eu queria ter essa casa só pra mim, pra passar as noites bebendo vinho vestindo moletom, enquanto um disco toca na vitrola, e dependendo do meu humor, talvez eu ligo pra alguém, pra ele me fazer companhia, e nós rimos e dançamos a noite toda. Está vendo, caro leitor?! Olha onde minha mente já está!! É isso porque eu tenho um tempo de resposta entre pensar e escrever, imagina o que acontece quando tudo se silencia nas noites de domingo. Talvez seja esse o motivo da insônia de tantos jovens da minha idade, talvez por isso passamos tanto tempo olhando para telas, porque nossa tela interior é mais difícil de controlar e não conseguimos fazer nada a respeito.

E ainda tem a faculdade, e nem está perto de começar as provas, minha amiga já está constantemente doente por causa dos estudos e eu não consigo me concentrar o suficiente para ajudá-la. O outro trabalho, do qual eu estava orgulhosa de terminar, acabou que não estava tão pronto assim e novas devem ser feitas. Queria sair com ele para fazer sobre isso, queria sair sábado que vem para comemorar a entrega do trabalho. Talvez eu faça isso, se conseguir juntar coragem. E daí eu vou tomar algo forte, virar o copo e gritar de felicidade, daí eu vou dançar lentamente em um quarto em chamas. E amanhã eu estarei cansada por não ter dormido e vou reclamar a tarde por querer dormir e não poder, e vou reclamar todos os dias até quinta-feira por causa do relatório, mas sexta eu vou tentar combinar de sair com ele (assim eu pretendo, mas sou péssima em planejar coisas).

26/03/17

Para não sufocarOnde histórias criam vida. Descubra agora