Típica crise adolescente - 21/03/2015

1 0 0
                                    

Aquele maldito livro, além de ler meus sentimentos, parece que legitimou meu sofrimento. Coincidência ou não, me sinto no meio de uma crise adolescente. Não sei me expressar, tenho vontade de chorar do nada, superprotejo meu superego e coloco toda minha raiva em minha família.

Toda vez que meu dedo dói, tenho vontade de chorar, não pelo dor, nem é realmente uma dor, nem pelo incomodo em si, mas por lembrar que meus pais nada fizeram para meu bem-estar, para saber como estava meu dedo. Choro por lembrar que, quando cheguei em casa aquele dia, ela não tinha feito nada pela Suzy, por lembrar que a Suzy não durará mais muito tempo e que parece que ela não se importa.

Dezoito anos e já começaram as acusações de porque eu não me viro sozinha. Mal sabe ela o quanto eu me mato para sobreviver a esta vida. A faculdade está me consumindo, reclamo, reclamo, reclamo, mas não largo o osso, porque sei que tenho que ser a melhor, que tenho que me sacrificar para ficar com a melhor professora, para conseguir um bom emprego e sair dessa casa.

Passou o tempo (se é que existiu) que eu estudava para agradar ela, que eu fazia (se é que já fiz) algo para, exclusivamente, agradar a ela. Como diz o livro, é por vergonha de ser tão bom como eles querem, que sou assim. Meus estudos agora são meu refúgio, minhas viagens de ônibus são meu tempo livre e os segundos na internet meu lazer. São aqueles momentos em que estou em casa que me consomem mais, principalmente a missão impossível que me foi jogada de ajudar meu irmão na escola.

As vezes desejo ser filha única, mas às vezes, nunca ter nascido, como diz Freddy Mercury... Estou em treinamento com meu irmão, mas ninguém ajuda, ninguém apoia, ninguém entende, ninguém vê. Duas semanas se passaram e olha meu estado! Chorando, discutindo, batendo portas e saindo noite a fora. São esses momentos de escrita que me salvam de fazer loucuras.

Chorando por causa de Glee, rindo por causa do Felipe Neto. Feliz por marcar de ver meu amigo, triste por pensar que Glee vai acabar. Feliz por meu primo que acabou de nascer, triste por causa da minha cachorra que está doente. Brava com meu irmão, com minha mãe, com meu pai, com meu dedo doendo, com a farmácia. Cansada de tanto estudar, cansada em pensar que tem que estudar mais, cansada de olhar para uma tela, cansada de acordar cedo, de não poder dormir o suficiente, cansada, cansada...

Os filmes que eu baixei, provavelmente assistirem sozinha, as músicas que baixei não receberam elogios, meus projetos, minhas provas, minhas alegrias, pouco importam, não precisa se preocupar porque a Laura nunca me deu trabalho. Meu pai não está no meu lado, também não entende, ou só apoia ela por causa do casamento, vem com mimos conversas fiadas como se nada tivesse acontecido.

Enquanto isso, minha histeria narcisista me faz ver eu mesma como culpada, vítima da história, reclamando e achando que minha vida é a pior do mundo. Mas foda-se, o livro diz que isso está dentro do normal e ainda não cheguei na parte que diz como curar isso.c

Para não sufocarOnde histórias criam vida. Descubra agora