Meu oposto (Amor)

Capítulo 53

Felipe 👽

Depois de bastante tempo encarando seus olhos, baixei a cabeça respirando fundo e coçando a nuca. Fiquei assim alguns segundos, enquanto o silêncio ainda era nítido entre a gente.

- Cara, sei que é complicado essas paradas de sempre alguém chegar primeiro e foder com o psicológico da pessoa, tá ligado? - Falei levantando o olhar pra ela novamente. - Mas porra, ninguém merece também o peso de tudo que falar ser levado na brincadeira ou na resenha pela insegurança que sente, compreende?

- Eu te entendo Felipe, mas infelizmente esse é meu jeito e eu não vou mudar em segundos por uma simples conversa bonita, desculpa! - Ela falou cruzando as pernas, olhando para os carros que passavam por alí.

- Sem caô, Loira. - Disse ficando na minha.

- Sabe no que eu tô pensando aqui? - Ela me perguntou e eu neguei - Nas suas palavras de mais cedo.

- E o que achou, que também é brincadeira? - Perguntei um pouco grosso e logo ela negou me olhando. - Pelo menos isso.

- Posso te fazer uma pergunta? - Concordei dando de ombros. - Por qual motivo, você anda sendo fofo e legal comigo?

- Sério que é necessário eu explicar tudo de novo? - Perguntei e ela novamente concordou. - Eu tô te curtindo Lis, tô começando pensar demais em você e por mais que você não queira e evite isso. É nos momentos que a gente tenta evitar que mais acontece.

- Tava reparando isso. - Ela deu uma risadinha. - Ano passado foi um ano complicado pra mim. Passei uma fase terrível na minha vida, depois de uma pessoa ter passado na minha vida e desgraçado tudo. - Ela deu uma risadinha baixando a cabeça. - É até engraçado eu falar sobre isso, tão naturalmente. Coisa que até alguns meses atrás eu não tinha maturidade suficiente ainda pra isso.

- Sei como é, as vezes a gente passa por uma fase que parece que nunca vai passar, e quando passa, é muito bom a sensação de alívio que ficamos. - Ela concordou ainda sorrindo.

- Realmente, é muito bom quando superamos algo. Eu vivi uma fase que até depende emocionalmente eu fiquei, só pelo fato de acontecer muitas mudanças de uma só vez. Foram incontáveis as noites que tive crise de ansiedade, e principalmente as vezes que mesmo mal, eu tive que me acalmar. - Por um momento tive a impressão de que seus olhos estavam molhados. - Se hoje sou uma pessoa fria, seca, as vezes até chata com insegurança e muito medrosa em relação a se apegar a alguém, foi pelo simples motivo de ter que aprender na dor, que não devemos criar expectativas pelo simples sorriso bonito que as pessoas abrem para nós.

- Caralho, sei nem o que te dizer... - Novamente ela sorriu me olhando e limpando os olhos. - Infelizmente tem pessoas que não sabe o estrago ela pode fazer no psicológico de uma pessoa.

- Pois é, felps. Apesar do meu rostinho bonito, eu tive que aprender certas coisas na marra gatinho. - Ela apoiou a mão na perna me encarando.

- Isso que te faz ser foda, loira. Acredito que eu gostei muito de você, por que apesar disso tudo que você viveu, você aprendeu a ser madura, foi por motivos que te machucou e eu sei disso, mas você é uma mulher que porra, qualquer pessoa que chega pra conversar contigo, acaba até tendo uma visão diferente das coisas. Tu é uma mulher que sabe realmente o quer e quando não quer, não é de faz r joguinhos. - Sentir seu olhar um pouco de espanto pelas minhas palavras.

- Falando assim, nem parece o Felipe que me abusa tanto. - Ela falou e fingiu bater palminhas.

- Ah, o pai entende das coisas. - Ele se gabou e eu ri. - Tava pensando aqui.

- Em que? - Me aproximei um pouco do seu corpo e coloquei uma mecha do seu cabelo atrás da orelha, já tinha virado mania isso.

- Por que não começamos a ficar namoral, só eu e você e sem terceiros? - Ela me olhou rápido e depois fez uma cara de "?" - O que foi?

- Hum... Sei não hein. - Ela já fez a cara de dúvida.

- Cara, não tô brincando com você, tô sendo real. - Ela ficou seria me encarando. - Lembra que te falei pra curtir o agora? Esquecer um pouco o amanhã? - Ela concordou com a cabeça. - Então, Sei que é um pouco impossível você esquecer as consequências que pode acontecer amanhã, mas se você for viver só na defensiva, você vai deixar de curtir as coisas que você gosta. - Ela desviou o olhar do meu e ficou um pouco na dela.

- Sim, concordo com teu pensamento... Porém é difícil pra mim tudo isso, o medo não me permite viver certas coisas. - Ela novamente me olhou e eu encaixei minha mão no seu rosto fazendo ela não tirar os olhos do meu.

- Sei que sou meio louco da cabeça as vezes e intenso pra caralho. Sei que a gente nem tá preparado tanto assim pra algo a agora. Mas eu quero tentar Lis, eu quero fazer acontecer. Por que... - Respirei fundo olhando para ela que ficou esperando eu terminar. - Por que tu vale a pena.

- Lipe... - Neguei com a cabeça sem querer saber da desculpa que ela ia dar.

- Sei que tu tá com medo de eu acabar fazendo merda e te machucar, mas me deixa te mostrar que eu sou diferente, me deixa mostrar que eu sou mais do que tu vê ou pensa sobre mim. Me deixa mostrar isso pra você, galega. - Falei o que realmente queria dizer a ela faz uma cota já, mas como sempre ela não me permitia isso.